O Lázaro ator, que se arrisca a cantar e dançar, você com certeza conhece. Mas descobrimos, durante papo exclusivo, que a relação dele com crianças começou muito antes de ser pai de João Vicente, de 8 anos, e de Maria Antônia, de 4. Um dos primeiros empregos dele foi numa maternidade, o que despertou o carinho pelo mundo infantil. Com a chegada dos filhos, esse sentimento aflorou ainda mais e foi assim que ele embarcou de vez nesse universo como autor e compositor.
PAIS&FILHOS: Você sempre quis ser pai?
LÁZARO RAMOS: Ser pai exatamente não era uma coisa que eu sempre quis. Mas cuidar e pessoas sempre foi uma coisa muito presente na minha vida. Primeiro pela minha profissão, antes de ser ator eu era técnico em patologia, e meu primeiro estágio foi em uma maternidade. Era um ambiente que eu vivia muito com as crianças, e eu gostava muito também. Não era o meu sonho, que sempre foi ser ator, mas eu criei um carinho enorme por esse ambiente e por essa relação com crianças especificamente. Inclusive, em algum momento da minha vida eu achei que eu não seria pai porque eu estaria satisfeito em ter alunos, pegar meus afilhados e deixá-los mais próximos de mim porque isso foi uma coisa que eu sempre gostei. Mas não necessariamente ter filhos.
PF: Mas o João Vicente foi planejado?
LR: Sim, o João foi superplanejado. Ele veio inclusive depois de muitos anos de relacionamento, que foi quando eu e Taís começamos a pensar em ter filhos.
PF: Como foi receber a notícia de que seria pai?
LR: Tem uma coisa que eu preciso falar, sendo bem sincero. Quando eu soube que seria pai, o resultado do exame foi muito emocionante, teve choro, teve alegria. Só que aí passou uma semana e a compreensão para mim do que era paternidade era mais racional do que passional. Para a Taís tinham as mudanças acontecendo no corpo dela. Aí começa o planejamento do enxoval, carrinho de bebê… E eu me sentia acompanhando, mas era tudo uma produção racional, eu não entendia o que era aquilo exatamente. Comigo aquilo tudo estava acontecendo dentro da cabeça e, ao longo dos nove meses, não tinha nenhuma transformação prática.
PF: E quando foi que a ficha caiu?
LR: Foi na véspera do nascimento de João. Eu fiquei tão tenso e com medo que comecei a sentir dor na coluna. Cheguei a tomar uma injeção para dor e, apesar de ter aliviado, ela continuou ali. Foi só na hora que João nasceu, saiu da Taís, que a dor passou. Eu simplesmente não sentia mais nenhuma dor. Eu acho que era uma coisa que o meu corpo estava produzindo por estar tenso e ansioso pela grande novidade que viria.
PF: Foi o momento da grande virada…
LR: É, a partir daí, já na primeira noite, eu fiquei sozinho com Taís no hospital, e eu fiquei acordado horas olhando. É aquela velha coisa: eu ficava indo ver se o nenê estava respirando, se mexia para ver se estava vivo. Foi aí que começou a nascer a compreensão da paternidade e de como eu poderia ajudar esse ser humano a crescer.
PF: Que legal! E você acompanhou de perto?
LR: Acompanhei, foi muito bacana poder ter o tempo da licença-paternidade para estar muito junto nos primeiros meses. Isso foi fundamental inclusive para entender qual era a minha função e a sensação de paternidade sair da cabeça e ir para o meu corpo também.
PF: Como é a sua relação com o seu pai?
LR: Quanto mais o tempo passa, mais meu amigo ele fica.E isso é muito legal, porque antes o meu pai era muito o meu exemplo de ética, de correção. Nossa relação é muito legal e saudável, eu acho que é uma reivindicação através de um amadurecimento dos dois.
PF: Você passa o Dia dos Pais sendo pai e sendo filho. Como você se sente com isso?
LR: É muito legal, porque eu me amarro em ser pai. Gosto de receber o carinho deles, ficar perto… E a gente faz questão de celebrar mesmo, chamo meu pai para conversar e falar as coisas para ele, acho um brinde bom à vida.
PF: O que vocês procuram ensinar para as crianças?
LR: Desde os valores básicos, até ensiná-los que nem tudo é tensão, que também é preciso ter prazer nas coisas da vida. Tentamos fazer com que eles tenham prazer em adquirir conhecimento, que gostem de saber.
PF: É isso que você procura passar nos seus livros?
LR: É exatamente isso! Eu costumo falar que meus livros e músicas tiveram uma transformação depois que eu tive lhos. Antes, eu escrevia para suprir lacunas nas produções infantis que existiam na minha infância. Agora, eu escrevo para os adultos sobre o que eu quero que as crianças sejam. É um pouco esse o caminho.
PF: Você tem esse lado engajado com projetos infantis. Como você enxerga o futuro com a sua colaboração?
LR: Pretendo que as crianças vivam plenamente a infância com brincadeiras, criatividade, que possam vivenciar sua idade. Todos os livros que escrevi têm brincadeira, têm humor, falo muito sobre autoestima, idade, equilíbrio…
PF: O Caixa Mágica é o seu projeto mais recente. Fala um pouco dele pra gente!
LR: Tenho muito carinho por ele, é uma síntese do que eu aprendi através do trabalho com a literatura infantil. Já temos clipes no Youtube e as músicas no Spotify. Canto muito sobre o que aprendo com meus lhos, sobre o cabelo de Maria, sobre experimentar novos alimentos… Enfim, a intenção é de proporcionar uma infância saudável às crianças. E é um projeto que quero manter na minha vida.
PF: Para você, família é tudo?
LÁZARO RAMOS: Família é o que dá sentido para a minha vida hoje em dia, é o que me estimula a fazer as coisas, é um lugar de conforto, de acolhimento, de diversão, é um Norte, é o que dá sentido. Antes, no meu caso, a minha profissão era o que dava o sentido das coisas, e agora a minha família dá sentido inclusive para a minha profissão.
Aproveitando o Dia dos Pais, os pais da redação também deixaram um recado. Confira:
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