Lázaro Ramos chegou a conclusão que um desenho pode revelar sentimentos que as crianças têm dificuldades de expressar em palavras na campanha “Um Desenho, Uma História”, da Faber-Castell. O ator disse como mudou a própria percepção sobre o impacto nocivo da tecnologia na vida das crianças.
“Resolvi fazer um livro do adulto que ia dar uma lição para as crianças, a partir da história da Edith, uma menina de nove anos de idade que passava muito tempo na frente do computador e da televisão e que, por isso, não brincava tanto. E, um dia, chega uma vizinha na casa dela e fala para a mãe da Edith que ela parecia ter uma velha sentada na cabeça e isso justificava ela ser uma criança tão parada”, conta.
No entanto, segundo ele, a ideia original do livro era a busca da protagonista por essa tal ‘velha’ para mostrar que usar a tecnologia era ruim para as crianças. Mas por sugestão do editor, ele enviou o texto final para que alunos de escolas públicas e particulares ilustrassem a obra, o que fez com que o enredo mudasse de rumo.
Lázaro ficou surpreso ao ver uma repetição de imagens, nas quais a Edith, a protagonista da história, estava dentro do computador cheio de água. “Alguns desenharam ela se afogando e outros ela nadando”, diz, destacando que isso o fez perceber o sentimento das crianças de que era importante buscar o equilíbrio no uso da tecnologia, ou seja, que nem tudo era tão negativo como ele imaginava. A partir daí, o ator e escritor mudou o final original da história, trazendo assim a visão das crianças sobre a importância de equilibrar o uso das telas no dia a dia.
Em entrevista exclusiva com a Pais&Filhos, o ator disse que a própria conexão com o mundo infantil veio a partir de um dos primeiros empregos, em uma maternidade. Com a chegada dos filhos, esse sentimento aflorou ainda mais e foi assim que ele embarcou de vez nesse universo como autor e compositor.
Lázaro ainda disse que pretende ensinar para as crianças “desde os valores básicos, até ensiná-los que nem tudo é tensão, que também é preciso ter prazer nas coisas da vida. Tentamos fazer com que eles tenham prazer em adquirir conhecimento, que gostem de saber”.
E não basta dizer que é exatamente isso que ele pretende passar como mensagem nos próprios livros: “Eu costumo falar que meus livros e músicas tiveram uma transformação depois que eu tive lhos. Antes, eu escrevia para suprir lacunas nas produções infantis que existiam na minha infância. Agora, eu escrevo para os adultos sobre o que eu quero que as crianças sejam. É um pouco esse o caminho”.
Sobre o futuro nos projetos infantis Lázaro conclui: “Pretendo que as crianças vivam plenamente a infância com brincadeiras, criatividade, que possam vivenciar sua idade. Todos os livros que escrevi têm brincadeira, têm humor, falo muito sobre autoestima, idade, equilíbrio…”.