“Temos um mundo cheio de mulheres que não conseguem respirar livremente porque estão condicionadas demais a assumir formas que agradem aos outros”, foi com essa frase, da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, que a dançarina Lore Improta, esposa do cantor Leo Santana, decidiu começar sua reflexão sobre o Dia da Consciência Negra.
Lore e Leo são pais de Liz, uma menina negra de 2 anos. Apesar de já ter falado algumas vezes sobre como é criar uma criança preta em uma família interracial, a dançarina sempre se mostra aliada na luta contra o racismo e divide como lida com essas questões dentro de casa.
“Tava aqui olhando essa nossa foto e refletindo, ser mãe de Liz, uma menina preta, me acendeu diversas luzes. Quando a gente se torna mãe, imediatamente a gente coloca em cena o nosso instinto protetor, principalmente porque sabemos que aquele ser ainda não sabe se defender, não conhece nada do mundo além daquilo que a gente mostra em casa. E que mundo a minha Liz vai ver lá fora?”, refletiu ela, em uma publicação no Instagram feita nesta segunda-feira, 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra.

“Quero que ela veja um mundo melhor, então faço minha parte para que ela possa crescer em um ambiente rodeado por referências positivas e inspirações como ela, nas quais ela possa se identificar”, comentou ela no texto.
Lore ainda disse que prezo pelos momentos de leitura e viagem com a filha, onde mostra a ela o mundo que quer para Liz. “Sei que ainda estamos muito longe de um mundo onde não viveremos ou presenciaremos situações racistas, mas sei que com conhecimento e amor, podemos avançar um pouco mais a cada dia. É isso que tento fazer diariamente: lutar por um mundo onde meninas como a minha Liz possam andar, respirar e sonhar livremente”.
Ajuda de especialista
Com o crescimento de Liz, a vida dos pais é diretamente impactada, trazendo mudanças para não só o dia a dia, mas a eles como pessoas também. A mãe, mais conhecida como Lore, por exemplo, tem feito aulas de letramento racial para se conscientizar sobre o assunto.
O motivo da busca por esse novo aprendizado seria para que a criança possa crescer se vendo representada no que consome, como livros e filmes, e também para que a mãe consiga enfrentar qualquer racismo que possa vir a sofrer, e saiba defender a filha, como contou em entrevista à Caras.
Ela contou quem é a sua professora e a segurança que se informar sobre o assunto traz. “Desde que Liz nasceu venho fazendo aulas de letramento racial com a minha professora Anita Machado, fundadora do Instituto Da Cor ao Caso. Com as aulas, sinto que cada dia mais eu sei proteger e guiar a minha filha”, assumiu a mãe.

No dia a dia, Lore também coloca em prática pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença. “Além das minhas aulas com a Anita, leio livros que me ajudam a criar a Liz e trazer para a vida dela mais representatividade. Por exemplo, estamos sempre lendo para ela livros com personagens negros, quando vamos escolher um filme ou um desenho, escolhemos um que ela irá olhar e se ver também”, falou.
O motivo por trás de tudo isso é o amor que ela sente por Liz. “Quero ser um exemplo para a minha filha, que ela consiga encontrar em mim a força, determinação e amor que eu vi na minha mãe ao crescer e que me formou como sou”, completou.