Mãe cega conta que filha a guiava até o berço: “Ao ouvir minha voz, começava a balbuciar”

Regiane Nunes, 38 anos, educadora física, nutricionista, atleta paralímpica e mãe da Clara, de 1 ano de idade, é também uma mulher cega.

Ela nasceu com um glaucoma congênito, uma doença ocular, e aos 5 anos começou a fazer natação. Em 2008 foi para as Paralimpíadas em Pequim e, quando voltou, perdeu a visão do olho esquerdo.

Em 2013, após perceber uma mancha escura no canto da visão do olho direito, a nadadora achou que estivesse cansada e cochilou. Porém, quando acordou, não enxergava mais. Após ir ao pronto-socorro oftalmológico, foi constatado um deslocamento da retina e foi operada com a expectativa que depois de 20 dias voltaria a enxergar, o que não aconteceu. Em 2014 competiu como cega no mundial da Escócia.

“Quando perdi a visão do primeiro olho, quis ter uma criança para poder olhar para ela, para o caso de perder a visão do outro”, ela contou para o Universa. Regiane relatou que morria de medo que alguém pudesse ser “mais mãe” de sua filha do que ela mesma e, por isso, não aceitava ajudas e sofria muito.

A mãe disse que a partir dos sete meses a bebê passou a perceber que precisava guiá-la pelo som: “Eu chegava ao quarto, perguntava por ela e, ao ouvir minha voz, ela começava a balbuciar, até que eu chegasse ao berço”.

Ela ficou durante um ano em casa cuidando de Clara e nesse período nenhum acidente aconteceu. Desde antes da gravidez, Regiane também conta com o auxílio de uma cão-guia, a Cindy.

“Posso dizer que tenho uma rotina normal de mãe”, falou a nadadora que, junto do marido, Naldo, leva a filha para a escola todos os dias e compartilhou que a maternidade está sendo sensacional: “Vivo as experiências”.

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