Mãe de médica que estava no avião que caiu em vinhedo lamenta perda da filha: “Não foi fatalidade”

No último dia 9 de agosto, a queda de um avião em Vinhedo, São Paulo, resultou na morte de 62 pessoas, incluindo a médica residente em oncologia do Hospital do Câncer de Cascavel, Arianne Albuquerque Risso. Em uma entrevista concedida neste domingo, 11 de agosto, Maria de Fátima Albuquerque, mãe de Arianne, expressou sua indignação e dor, afirmando que o acidente não foi uma fatalidade.

"Não foi fatalidade. Qualquer um que estivesse naquele avião ia morrer, porque era uma lata velha. Não foi fatalidade, foi crime. Quem acalenta minha dor? Vocês vão me ver lutando todos os dias," declarou Maria de Fátima visivelmente emocionada.

A aeronave da Voepass Linhas Aéreas, anteriormente conhecida como Passaredo, partiu de Cascavel com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. A bordo estavam 58 passageiros e quatro tripulantes. De acordo com a companhia aérea, a aeronave estava operando dentro das condições normais e todos os sistemas estavam em perfeito estado para o voo.

Maria de Fátima criticou severamente a empresa aérea e as autoridades competentes, destacando vídeos que circulam nas redes sociais mostrando situações de desconforto e descaso em voos da Voepass. Ela prometeu lutar por justiça pela morte de sua filha única, que sonhava em ser médica desde os 9 anos.

"Eu não tenho objetivos, ela era minha única filha, era minha vida, meu objetivo. [...] Eu não tenho mais nada, eu não tenho mais vida, é só dor e minha dor se transforma em indignação", desabafou Maria.

O Hospital do Câncer de Cascavel também lamentou profundamente a perda de Arianne e outra residente, Mariana Comiran Belim. Em nota oficial, a instituição destacou o comprometimento das duas profissionais e agradeceu pelo trabalho prestado aos pacientes.

"Profissionais competentes que encontraram na Uopeccan a realização de um sonho: salvar vidas. Médicas humanas que atendiam todos os pacientes com muita dedicação, carinho e respeito," afirmou o hospital.

Este é o acidente aéreo com maior número de vítimas no Brasil desde a tragédia da TAM em 2007 no Aeroporto de Congonhas. O avião modelo ATR-72 voou por cerca de 1 hora e 35 minutos antes de realizar uma curva brusca e despencar 4 mil metros em aproximadamente 1 minuto, explodindo ao colidir com uma casa em um condomínio residencial.

Especialistas sugerem que o acidente pode ter sido causado por um estol - quando a aeronave perde sustentação. No entanto, as causas exatas ainda estão sendo investigadas.

A Voepass Linhas Aéreas disponibilizou um telefone para informações aos familiares das vítimas: 0800 9419712. Em nota, a empresa afirmou estar prestando assistência irrestrita às famílias das vítimas e colaborando com as autoridades na investigação.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também se manifestou sobre o acidente, prometendo monitorar o atendimento às vítimas e suas famílias pela empresa aérea e investigar a situação da aeronave e dos tripulantes.

Além disso, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar o acidente e montou um gabinete de crise na residência de um morador do condomínio onde ocorreu a tragédia.