Um casal de irmãos foi condenado por serem responsáveis pela morte da mãe. Eles terão que pagar uma indenização de R$18.4 mil para o médico, Jovino Nogueira da Silva. O médico foi apontado pelos próprios filhos da mulher, por ser o culpado pela morte da mãe. Os irmãos usaram as redes sociais (Facebook) para difamar o médico.
A idosa, identificada como Maria do Carmo de Sousa Oliveira, morreu aos 72 anos, em uma unidade de saúde em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, após esperar mais de sete horas por uma internação. Após a trágica perda, os filhos da mulher postaram na rede social o nome do médico, tal como o registro profissional. Ele tinha sido o responsável pelo atendimento da mulher e foi acusado pelos familiares de assassinato.
Em uma das publicações da filha de Maria do Carmo foi “Mataram a minha mãe!”. Conforme o relato das redes sociais, o médico teria dificultado a transferência para um hospital onde ela teria ‘uma chance para sobreviver’. Então, os irmãos, que tiveram acesso a ficha da mãe, eles decidiram expor.
A ficha de atendimento médico da idosa foi dada para os filhos e o documento mostrava os horários que os exames foram pedidos para ela. Foi solicitado um eletrocardiograma (às 8h22, 9h21 e 13h12). O médico não respondeu às mensagens enviadas e a senhora morreu às 14h32.
O nome do médico, tanto como o registro profissional, foi exposto na internet. Segundo os irmãos, esses dados apareceram por engano, de forma ‘acidental’. Os irmãos também falaram que o médico se negou a mandar por celular, a imagem do exame, que foi solicitada várias vezes.
Porém, o advogado do médico, David Frizzo, falou para UOL que o médico deixa o celular pessoal no carro para que não falem para ele que estava mexendo no celular durante o expediente. Após as publicações feitas pela família, o médico ficou muito triste. Ele ainda não se pronunciou publicamente.
O advogado dele disse que não é fácil para ninguém. “Não é fácil para sua família ver você sendo acusado de ‘matar’ a mãe de alguém”. Um dos filhos de Maria do Carmo, identificado como Evandro Oliveira, fez a declaração detalhada. Ele inicia falando que ela ficou infartada por horas.
“Ela ficou infartada das 7h30 até as 15h00 agonizando em cima de uma maca. Reclamava de fortes dores no tórax, braços, cabeça e estômago, e pouco foi feito para reverter o quadro. Nem os chinelos dela haviam sido tirados do pé depois de horas deitada na maca (…) sem nenhum apoio para a cabeça. (…) Hoje faz 13 dias que a negligência de um médico irresponsável matou minha mãe! A justiça virá, principalmente a de Deus!”, escreveu ele.
Após as publicações, o médico processou os irmãos por danos morais. O juiz do carro, Fábio Ferreira de Souza, deu razão para o médico. “A utilização de expressões como ‘assassino’ e ‘doutor da morte’ (…) é suficiente para afrontar a honra e integridade moral de quem ocupa um cargo público”, falou o juiz.
Os irmãos recorreram duas vezes, mas o juiz não concordou. A Justiça executou a decisão em 2 de maio e deu o prazo de até 15 dias para pagarem o médico. O valor se refere a condenação original, os 10 mil reais, mais os juros, correção monetária e honorários. O advogado, David, ainda disse que o valor foi abaixo do ideal. “Pela forma como acusaram o profissional de assassinato, a indenização foi abaixo do ideal”.
Porém, o filho rebateu, dizendo que não tem o valor e que as atitudes foram impulsivas. “Não tenho como pagar. Eu achei o valor alto e a condenação injusta porque a gente falou no calor das emoções, e isso deveria ser levado em conta”, finalizou.
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