É da gaveta dos armários do filho que Teresa Cristina Fernandes Alves tira calças, camisetas e bolas de gude. Os objetos são lembranças de David Antunes Alves, que desapareceu quando tinha 14 anos, em Franca, cidade de São Paulo. “Até hoje o que eu faço é esperar e procurar. O que me move é a esperança de poder encontrar ele”, diz a aposentada em entrevista ao G1.

O jovem foi visto pela última vez há 16 anos, em março de 2004, segundo a tia de David, tinha ido brincar na rua. Teresa, que trabalhava em uma fábrica de calçados, estranhou quando o filho não voltou para casa. “Às vezes, ele demorava um pouquinho para voltar, mas ele ligava e avisava que estava na casa da minha irmã. Aí eu já comecei a achar que tinha alguma coisa de estranho. Eu comecei a procurar nos colegas, na família, para todo lado”, conta ela.
Os parentes chegaram a fazer um boletim de ocorrência e distribuir fotos de David pela cidade, mas o jovem não foi encontrado. A família também explica que os dias anteriores ao desaparecimento foram tranquilos e não havia motivo para o adolescente fugir. “A gente voltou de lá [da casa da irmã] por volta da meia-noite e viemos correndo pela avenida. Ainda entramos fazendo uma bagunça. Meu marido ainda brincou ‘você é pior do que seu filho. Amanhã é segunda-feira, a gente tem que acordar cedo e vocês nessa bagunça’. Nós dois começamos a rir, ele deitou no quarto dele e foi dormir”, relata a mãe.

De acordo com a aposentada, o período de buscar mobilizou toda família. A cada pista era uma nova esperança: “Quando falavam que tinham visto ele, por exemplo, em Patrocínio Paulista, a gente saía daqui cheio de esperança, para encontrar ele. Quando eu vinha de lá, eu já vinha chorando. Sempre era uma esperança de a pessoa estar falando a verdade.”
Na época, os investigadores disseram que o jovem foi embora por conta própria, o que a mãe não acredita. O pai de David, como conta Teresa, não sobreviveu a um problema cardíaco no ano passado e se foi sem saber sobre o destino do filho. “Era tudo que a gente queria: encontrar o filho. É muito triste isso”, finaliza.