Uma menina de 3 anos homenageou os agentes de limpeza de João Pessoa em sua festa de aniversário e ainda convidou os trabalhadores para participar da comemoração. Segundo a família, a própria Lavinya escolheu o tema da decoração e fez questão de recepcionar os agentes que faziam o trabalho de coleta do lixo na frente da casa da família, no dia da festa.

“Ela olhou para mim e para o pai dela e disse ‘eu quero meu bolo e quero minha festa do gari, e é para convidar meus amigos’”, disse a mãe da criança, Claudilene Alves.
A decoração do aniversário teve direito a saco de lixo, pneu e um cesto de lixo recheado de balões. O topo do bolo foi enfeitado com personalizados de agente de limpeza, caminhão de lixo e coletores de lixo reciclável.

Segundo Claudilene, a festa teve que ser realizada um pouco mais tarde do que seria habitualmente uma festa de criança, tendo que ser marcada para às 22h, horário em que o serviço de recolhimento de lixo iria passar em frente à casa da menina. “Eu tive que marcar para às 22h, tive que cantar dois parabéns para ela, porque cantei o primeiro e ela não se animou, porque ‘os amigos dela’ não estavam, e também não quis bater foto com ninguém”, desabafou a mãe.
“No segundo parabéns, que ela viu eles, se animou, foi uma festa, chamou eles para comer bolo. Eu fiquei olhando e me perguntando, como uma criança tão pequena já pode valorizar uma profissão?”, disse a mãe. A mãe da garota também contou em entrevista para a TV Cabo Branco que o trabalho de agente de limpeza, apesar de Lavinya ainda não entender isso, vem passando de geração em geração na própria família. A profissão é motivo de orgulho para Claudilene, que recentemente, ingressou também neste trabalho.

“Meu pai, minha mãe, minha avó, tem uma tia que também já está aposentada, dois tios que já faleceram, todos eram da área, da Emlur [Empresa Municipal de Limpeza Urbana], e ainda tem minha irmã que trabalha na Lagoa. Agora eu sou a mais nova, estou com 6 meses que estou na empresa”, conta.

A mãe de Lavinya contou que, quando jovem, sofria bullying dos colegas de escola por sua mãe trabalhar como agente de limpeza. Porém, ela acredita que o preconceito está diminuindo na cabeça das pessoas. “O pessoal botava muito apelido, ‘boi do lixo’, ‘filha de um varredor’, e hoje em dia não somos ‘varredores’, somos agentes de limpeza, mudou, valorizou. E fiquei muito feliz da minha filha não ter somente homenageado a mim e toda a minha família”, explicou.