Marie McCreadie perdeu a voz de repente quando ela tinha 13 anos. Em um dia, do nada, ela acordou sem poder falar ou emitir qualquer som. O caso foi investigado e diagnosticado pelos médicos, no entanto, a verdadeira causa que a impediu de falar só foi descoberta 12 anos depois, quando ela tinha 25 anos.
Tudo começou, segundo ela, com uma dor de garganta. “Acordei com uma forte dor de garganta e um forte resfriado… Dias depois, virou uma bronquite. Passei uma semana bem mal, com febre. Depois fui melhorando, a infecção no peito foi embora, a febre também. Mas quando estava boa de novo, seis semanas depois, minha voz tinha sumido”, explicou.
“Eu não sabia o que fazer. Quando dava risada, ou quando tentava sussurrar, mesmo quando tossia, não saía som algum”, lembrou”, relembrou. Na época ela recebeu diagnóstico de laringite. Depois, mudou para “mutismo histérico”, que seria caracterizado por uma ansiedade extrema ou ligada a um evento traumático.
Para o médico, Marie havia escolhido parar de falar, mas não era o caso, pois inclusive o mutismo a trouxe várias dificuldades: “Eu não podia usar o telefone, não podia marcar dentista, médico, cabeleireiro… E se eu tivesse um acidente? Teve uma vez em que fui acampar com amigos, eu estava numa trilha sozinha, escorreguei e caí num barranco, de uns três metros. Fiquei presa lá embaixo, sem conseguir sair, e não tive como chamar ajuda, achei que fosse ficar presa ali a noite inteira… Tive de ser bem mais cuidadosa”.
A jovem passou por maus bocados sendo internada em uma clínica psiquiátrica, sobrevivendo sessões de eletrochoque. “Vi pacientes voltando de sessões de terapia de choque elétrico. Tinha ouvido os gritos. Fiz uma sessão, é muito cruel. Você é levado a uma sala que parece uma câmara de torturas. Você tá morrendo de medo e ninguém explica nada”, contou. A internação também fez com que Marie perdesse a confiança em todos, principalmente nos pais.
11º Seminário Internacional Pais&Filhos – A Sua Realidade
Está chegando! O 11º Seminário Internacional Pais&Filhos vai acontecer no dia 1 de junho, com oito horas seguidas de live, em formato completamente online e grátis. E tem mais: você pode participar dos sorteios e ganhar prêmios incríveis. Para se inscrever para os sorteios, ver a programação completa e assistir ao Seminário no dia, clique aqui!
A resolução do mistério
12 anos se passaram e, aos 25 anos, como outro dia qualquer, Marie começou a passar mal no trabalho. “Eu não estava bem. Comecei a tossir. Fui ao banheiro e comecei a cuspir sangue. Fiquei apavorada. Achei que estava morrendo. Parecia que tinha alguma coisa se mexendo no fundo da garganta. Achei que estivesse cuspindo pedaços de mim. A telefonista chamou uma ambulância e fui levada a um hospital. Ali, detectaram um caroço na minha garganta”, explicou.
“Me deram anestesia e retiraram esse caroço. Quando limparam ele, viram que era uma moeda, de 3 centavos de dólar australiano. Uma moeda que saiu de circulação em meados dos anos 1960. Não faço ideia de como ela chegou ali. Foi um choque. Foi diferente do choque da primeira vez, quando não pude falar. Dessa vez foi: ‘Não, peraí, não é possível!’”, explicou ela.
Ela também comemorou muito ao poder voltar a falar. “Eu pude sentir o som na minha garganta. Foi um gemido. Primeiro achei que alguém estivesse fazendo uma brincadeira. Mas depois comecei a chorar, e o meu soluço do choro era um som totalmente novo pra mim. Depois de tanto tempo… Fiquei histérica. O médico teve que me dar um calmante”, lembrou. Com tanto tempo sem emitir sons, Marie precisou fazer uma terapia para reaprender a falar. Mas ela não esquece a emoção de seu primeiro telefonema, que foi uma ligação para a mãe: “Ela começou a chorar. ‘Eu te disse que tua voz voltaria um dia! Eu te disse!’, ela dizia”.