Daniele, de 39 anos, alertou outras mães em entrevista à Universa do grupo UOL. Sobre a importância de não duvidar dos filhos quando eles relatarem casos relacionados ao estupro.
A mulher é mãe de Pedro, de 11 anos, que recentemente voltou de uma viagem com a família do pai, e contou, aos prantos que havia sido vítima de abuso sexual do tio pela segunda vez. De acordo com ele, o menino já havia passado pela mesma ocasião há 1 ano, mas não contou por medo.
“Foi muito chocante, principalmente, saber que meu filho vinha guardando isso há um ano. Ele estava muito nervoso quando me contou e, desde então, foram dias de completo terror. Temos vivido o pior momento das nossas vidas”, conta em entrevista a Universa, dias depois que ela levou seu relato às redes sociais. “Fiz essa publicação para ajudar outras mães porque esse, infelizmente, é um drama coletivo”, afirmou ela.
“Quando levei o caso para as redes sociais, foi para alcançar cada mãe e dizer que a gente precisa sempre acolher, nunca colocar a palavra da criança em dúvida”, contou. “O abusador levou meu filho para um banho de mar na praia e, depois, de volta ao condomínio onde estavam hospedados, foram para a piscina, onde aconteceu o estupro”, relata. Quando ele voltou para casa, percebi que estava com um comportamento diferente, mais introspectivo. Até que, antes de dormir, ele me contou o que aconteceu”, disse ela.
“Meu filho se sentiu mal, então deram uma medicação e levaram ele para descansar no quarto das crianças. Foi quando o abusador estuprou meu filho e, depois, saiu do quarto como se nada tivesse feito”, conta.
“Ele disse que só me contaria [sobre os dois estupros] quando tivesse 18 anos porque, na cabeça dele, teria mais maturidade e mais força para denunciar, se livrar daquela situação. Mas não conseguiu aguentar e finalmente me contou, para pedir ajuda. Por ele e pelos primos, porque o abusador tem filhos pequenos”, continuou.
“O estuprador é uma pessoa que tem a confiança da família, dos amigos, um profissional reconhecido na área. Meu filho é só uma criança de 11 anos. Sentiu medo”, acrescentou ela. “Ele sempre foi alertado sobre esses possíveis perigos, especialmente a respeito de abuso sexual. Acredito que essa nossa preocupação em orientá-lo sobre esses temas fez com que ele se fortalecesse, confiasse na gente [nos pais] e buscasse acolhimento. Ainda assim, ele ainda guardou segredo por um ano”.
“Ele sempre foi alertado sobre esses possíveis perigos, especialmente a respeito de abuso sexual. Acredito que essa nossa preocupação em orientá-lo sobre esses temas fez com que ele se fortalecesse, confiasse na gente [nos pais] e buscasse acolhimento. Ainda assim, ele ainda guardou segredo por um ano”, fala a mãe.
“Nesse primeiro momento, procuramos buscar socorro. Recorremos à psicóloga que já acompanhava ele, tentamos nos munir dos meios necessários para proteger ele dessa tensão, para que os danos fossem os menores possíveis. Estamos tentando, aos poucos, reconstruir a história dele, da nossa família, que foi atravessada por tanta violência”.
Além disso, a mãe também contou que a família do garoto pediu para que eles não o denunciasse. No entanto, o processo está em andamento na Justiça em segredo.
“Tentamos comunicar a família do estuprador, conversar com a esposa dele e com os pais, que são os avós paternos do meu filho. Mas quando eles souberam, pediram que a gente não levasse o caso adiante”. “Disseram que não precisava dessa mobilização toda, que o Pedro esqueceria de tudo. Isso doeu muito na gente. Além de ter sido vítima de dois crimes graves, meu filho sofreu essa violência por parte dos avós”, fala. “Pediram que a gente silenciasse para não expor a família, mas não pensaram na dor do meu filho, na nossa dor.”
De acordo com o site Universa, o nome da criança e da mãe foi modificados devido a uma proteção de identidade da vítima. “A gente acredita no Pedro”, finalizou ela. “E, quando a gente acredita nele, acredita também nas outras crianças que sofreram abusos mas que não tiveram oportunidade de serem ouvidas”.