O trágico acidente envolvendo um ATR-72 da Voepass, ocorrido em 9 de agosto de 2024, no interior de São Paulo, continua a gerar desdobramentos significativos na investigação. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) divulgou detalhes cruciais sobre as falhas técnicas que podem ter contribuído para a queda da aeronave, informações essas obtidas pela BandNews TV.
De acordo com o relatório preliminar, o sistema de degelo da aeronave apresentou falhas recorrentes antes da queda. O documento revela que o controle de gelo nas asas do ATR-72 desligou e religou várias vezes, um problema que pode ter comprometido a segurança do voo. Além disso, o equipamento responsável por regular a temperatura da cabine estava inoperante durante o incidente.
O voo da Voepass, que partiu do aeroporto regional de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, experimentou uma queda vertical de quatro mil metros em apenas dois minutos antes de se precipitar no solo em Vinhedo. A investigação focada na causa do acidente levou à remoção dos motores e outros componentes essenciais da aeronave, que foram encaminhados à Força Aérea Brasileira no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo. Esses itens, juntamente com os dados extraídos da caixa-preta, incluindo as gravações de áudio entre o piloto e o copiloto, serão analisados para identificar possíveis falhas técnicas ou humanas.
Especialistas que acompanham o caso sugerem que a formação de gelo pode ter desempenhado um papel crucial na perda de velocidade e sustentação da aeronave, levando a uma queda em espiral. “É possível que a formação de gelo tenha contribuído para o acidente, mas ainda não podemos afirmar que foi a causa única. Outras falhas, como problemas no motor, não estão descartadas”, explica o perito aeronáutico Daniel Kalazans.
O ATR-72, um modelo fabricado pela Airbus em sua divisão de aeronaves regionais, possui dois sistemas principais para combater o gelo: um mecanismo de aquecimento que evita a formação de gelo e outro que utiliza uma camada de borracha inflável para quebrar o gelo já formado. A responsabilidade por acionar esses sistemas recai sobre o piloto, o que torna essencial determinar se houve algum erro na operação desses mecanismos durante o voo.
O relatório do CENIPA também revelou que, no dia 11 de março de 2024, o mesmo avião envolvido no acidente apresentou problemas semelhantes em Salvador. Naquela ocasião, a aeronave demonstrou um baixo nível de óleo hidráulico, sinalizando potenciais problemas no motor, e teve um contato anormal com a pista durante o pouso. Apesar desses sinais de alerta, a Voepass confirmou que o avião foi submetido a reparos e estava considerado apto para voar antes do acidente em Vinhedo. A companhia ainda não forneceu detalhes específicos sobre os reparos realizados.
À medida que a investigação avança, a análise detalhada dos componentes e das gravações da caixa-preta continuará a fornecer informações cruciais para entender as causas subjacentes do acidente. O CENIPA, em colaboração com outras autoridades de aviação, está comprometido em garantir que todas as falhas sejam identificadas e abordadas para prevenir futuros incidentes.
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