Valquíria Augustineli, de 28 anos, sente muita culpa por não poder dar aos filhos uma condição financeira que acredita ser ideal. A mãe também sofre por não ter conseguido continuar a carreira, porque teve que parar tudo para cuidar das crianças.
“Eu não tenho dinheiro para pagar cursos e me atualizar na minha profissão e, ao mesmo tempo, tenho três crianças para alimentar. Não posso me dar ao luxo de deixar de trabalhar”, contou em entrevista para Universa. Valquíria é formada em análise de sistemas, mas não conseguiu estagiar enquanto estudava, porque engravidou durante a universidade.
A paulistana diz que ama os filhos, mas se arrepende da maternidade. “Me arrependo todos os dias de ter sido mãe. Eu vivo numa corda bamba. Abri mão da minha profissão e, mesmo assim, sinto que não sou boa, que não dou o que meus filhos precisam. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria tido nenhum”, desabafou durante a entrevista.
De acordo com a Universa, Valquíria se separou do pai dos filhos depois de problemas no relacionamento. Hoje, casada novamente, diz que a relação do novo marido com as crianças é ótima. A diarista também comentou que a independência dos três filhos para as atividades do dia a dia faz ela se sentir menos necessária.
“Minha filha mais vela faz a lição de casa sozinha porque eu não tenho tempo para ajudar. Isso me mata. A caçula, de três anos, já se troca. Eu sinto que eles sabem fazer tudo isso porque não sou presente”, comentou.
Por que a mãe sente tanta culpa?
Seja por voltar ao trabalho, deixar o filho na creche ou mesmo por não poder comprar os brinquedos mais caros, as mães compartilham um sentimento muito comum. “Nasce a mãe, nasce a culpa”, afirma Betty Monteiro, mãe de Gabriela, Samuel, Tarsila e Francisco, psicóloga, pedagoga e escritora. Toda essa culpa acontece, de acordo com a especialista, porque as mães querem ser perfeitas.
Esse desejo constante de alcançar perfeição acontece por diversos fatores, tanto pessoais, quanto culturais e até religiosos. “Em geral, as mães são as mais responsáveis pela criação do filho e acabam assumindo maiores responsabilidades. Sendo assim, quando alguma coisa não dá certo, a sociedade aponta a mãe como culpada”, explica Betty.
A própria família e amigos também podem criar essa sensação nas mães. Tias, avós e pais delas estão sempre querendo dizer o que se deve ou não fazer. Além disso, a psicóloga acredita que, hoje em dia, o peso da culpa é ainda maior porque as mães também competem entre si. “A maternidade está virando uma coisa muito angustiante porque as mães querem trabalhar, cuidar da casa, dar conta do filho e ainda fazer tudo isso perfeitamente.”
A psicóloga alerta, no entanto, que nenhuma criança precisa de mãe perfeita. “Filhos precisam de mães coerentes. Mãe culpada não consegue educar e muito menos sentir prazer na maternidade”. Por isso, é tão importante aprender a lidar com a culpa e, principalmente, a confiar em si mesma.
Betty indica que as mães precisam orientar os filhos de acordo com seus princípios. “É muito mais fácil educar se direcionando por aquilo que você pensa do que buscar modelos que não vão ao encontro da sua concepção de vida.”
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