Em casos de divórcio, a guarda dos filhos geralmente é concedida à mãe, mas uma tendência crescente é ouvir também a opinião das crianças e adolescentes. Muitas vezes, eles optam por morar com o pai. Diante dessa situação, é importante compreender os motivos por trás dessa escolha e lidar com ela da melhor forma possível.
As razões para um jovem preferir morar com o pai podem variar. Ele pode sentir que tem uma melhor relação com o pai, ou que o horário de trabalho paterno é mais flexível, permitindo maior participação na vida cotidiana do filho. Nessas circunstâncias, pode ser benéfico considerar a possibilidade de um arranjo temporário para avaliar essa nova dinâmica familiar.
Como enfrentar o desafio emocional?
O processo pode ser emocionalmente exigente para os pais. A psicóloga Sabrina Oliveira aborda o conceito de sofrimento primário e secundário. O sofrimento primário provém do fato de não ter a guarda do filho. Contudo, é crucial evitar o acúmulo dos chamados sofrimentos secundários – pensamentos que intensificam a dor, como “meu filho não me ama”. Essa sobrecarga emocional pode ser pesada, mas é possível gerenciar os sentimentos com uma abordagem construtiva.
Como lidar com a responsabilidade parental?
É fundamental, nesse cenário, evitar qualquer postura vítima. A responsabilidade de adaptar-se para o bem-estar de todos envolvidos deve ser prioridade. Tentar influenciar o filho a mudar de ideia com estratégias revanchistas, como prometer recompensas ou ameaçar punições, não é eficaz. Cumprir os deveres tanto financeiros quanto afetivos continua a ser uma obrigação fundamental da parentalidade.
É possível transformar o momento em uma oportunidade?
Desenvolver-se emocionalmente e profissionalmente pode ser uma consequência positiva dessa mudança. Aproveitar a situação para aceitar novos desafios no trabalho, voltar a estudar ou até mesmo redescobrir hobbies pode contribuir para um crescimento pessoal valioso. Essa mudança não deve ser encarada como abandono, mas como parte do exercício de coparentalidade responsável.
Quais são as percepções sociais sobre a decisão?
A decisão do filho de viver com o pai pode suscitar julgamentos da sociedade e mesmo de familiares. Contudo, é importante lembrar que a responsabilidade pelos filhos é igualmente partilhada entre pais e mães. Socialmente, não é comum julgar pais que não vivem com suas crianças. Logo, a situação oposta não deveria ser vista como um abandono parental.
No final das contas, o foco deve ser sempre no que é melhor para a criança, ao mesmo tempo em que se busca manter e fortalecer os laços afetivos independentemente das circunstâncias de moradia. Esta pode ser uma jornada complexa, mas com um direcionamento positivo, pode resultar em crescimento e aprendizado significativos para todos os envolvidos.