Quando falamos sobre a saúde dentária do seu filho, é preciso dar início às boas práticas de higiene bucal o quanto antes! Afinal, a odontopediatria garante que os primeiros dentes da criança permaneçam saudáveis e livres de cárie e outras doenças dentárias. E vamos combinar que a ajuda desse profissional pode cair como uma luva em vários momentos da rotina.
Seja para cuidar das gengivas dos bebês, para ensinar a maneira correta da escovação, para fazer uma limpeza dos dentes e garantir que não há nenhum problema ou até mesmo para tratar algo que esteja incomodando as crianças – os odontopediatras são parte fundamental. Mas, quando a criança tem alguma deficiência, muitos pais acabam tirando o dentista da lista de prioridades.
Por outro lado, todo cuidado é pouco! Crianças com deficiência são pacientes que precisam de uma abordagem diferenciada, seja por alguma limitação física ou comportamental. Para o alívio dos pais, existem especialistas para esse atendimento, como Miriam Gutman Schmidt, mãe da Natasha e do Alan.
Miriam realiza atendimento domiciliar e hospitalar e em entrevista a Pais&Filhos, a profissional falou sobre a importância da odontopediatria e respondeu algumas das principais dúvidas dos pais, além de dar dicas valiosas para as famílias.
O que faz o dentista especialista em crianças com deficiência?
Atualmente, existe uma especialidade criada para crianças com deficiência dentro da odontologia que traz uma visão humanizada e atende cada paciente com suas particularidades. O dentista especialista atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas de saúde bucal e interage com as demais áreas da saúde para oferecer um tratamento integral e dispõe de todos os equipamentos móveis, inclusive aparelho de raio-x, possibilitando o tratamento odontológico completo em qualquer local. Seja na residência da criança, ou na clínica é possível cuidar desses pacientes sem a necessidade de deslocamento.
Quais problemas a falta de cuidado com o dente das crianças pode causar?
Qualquer infecção na boca, quando não tratada devidamente, pode se espalhar pela corrente sanguínea e trazer complicações sérias. O quadro pode ser pior se o paciente tiver alguma doença associada. Então, justamente por isso, todo cuidado é pouco.
Especialmente em crianças, problemas bucais estão associados a dificuldades de mastigação e alimentação, fonação, convulsões, alterações respiratórias, febres de origem indeterminada e problemas de autoestima e tudo isso piora o quadro geral do paciente, comprometendo o desenvolvimento da criança.

Para as crianças com deficiência, ainda existe o risco de broncoaspiração – que é a entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória, o que pode causar graves infecções e até atingir os pulmões do seu filho.
Quais as principais diferenças do atendimento das crianças com deficiência em comparação ao atendimento convencional?
A criança deve ter o primeiro contato com o dentista, logo na época da erupção do primeiro dente. Assim, todas as instruções de prevenção são dadas aos pais. A ideia é que o especialista direcione os cuidados para cada paciente de acordo com suas necessidades especiais.
Muitas vezes, as crianças com deficiência são sensíveis a estímulos, então, é preciso estabelecer a relação paciente-dentista. O trabalho conjunto com outras áreas, como pediatria, fonoaudiologia e fisioterapia por exemplo, possibilitam um atendimento completo do paciente e com maiores chances de sucesso.
Além disso, crianças com deficiência têm dificuldades em relatar dor ou desconfortos na boca. Então, é importante prestar atenção nos sinais e sintomas: perda de apetite , febre , convulsões , alterações de fala e mastigação e sensibilidade no local ao toque.
Como fazer para que a criança com deficiência aprenda a importância do tratamento odontológico e do cuidado bucal de uma forma lúdica e com acolhimento?
Fazer uso de objetos e abordagens lúdicas, sempre adequadas às necessidades da criança de forma individual podem ser muito benéficas, assim como estimular os pais a incluir a odontologia na abordagem diária com exemplos e brincadeiras, que estimulem especialmente em relação a higiene bucal. Hoje existem no mercado vários acessórios que facilitam a realização da higiene bucal – o que também pode incentivar a criança.
A partir de qual idade os pais devem levar a criança ao odontopediatra?
Tendo em vista a complexidade desse tipo de tratamento, é muito importante que os pais procurem o atendimento especializado o mais precocemente. Nos casos de pacientes com dificuldades de locomoção, o atendimento domiciliar é realizado com toda a qualidade e segurança, com o objetivo de diminuir riscos de transportes desnecessários, trazer comodidade, reduzir o estresse do paciente e de seus familiares. A ideia é manter um atendimento humanizado e que respeita a realidade de cada paciente. E por fim, é fundamental que a odontologia faça parte da equipe multidisciplinar que atende periodicamente a criança com deficiência, trazendo qualidade de vida e prevenindo graves problemas associados.
