A tradição de sentar com a família à mesa vem sendo perdida ao longo dos anos pela correria do dia a dia e até mesmo pelos horários que não batem. Infelizmente, o resultado tende a ser cada um comendo em seu canto e, geralmente, fazendo as refeições na frente do celular ou televisão.

Segundo um projeto desenvolvido pela Universidade de Harvard¹, nos Estados Unidos, crianças que costumam jantar em família consomem mais nutrientes de frutas e vegetais, além de terem uma menor tendência a desenvolverem obesidade na infância e ainda na fase adulta. Felizmente, se começarmos a mudar estes hábitos, os benefícios da transformação poderão ser levados para uma vida inteira.
Nos primeiros 1000 dias, que acontecem desde a concepção aos dois anos de vida, temos a oportunidade de diminuir a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis com a nutrição. Mas, vale lembrar ainda que a alimentação não é só a entrega desses nutrientes, “sendo principalmente a variedade do que é consumido”, segundo a nutricionista Dra. Carolina Pimentel.
Não é de hoje que se é falado sobre os pais serem os espelhos dos filhos, inclusive na alimentação. Se um adulto não tem hábitos saudáveis, a tendência é a de que as crianças também não os adotem. “O comer é um ato que tem certa formalidade e que deve ser respeitado. A criança, a partir da idade que começa a ficar mais firme, tem que sentar à mesa e comer junto com os pais”, explica o Dr. José Vicente Noronha Spolidoro, pediatra Gastroenterólogo e Nutrólogo, Vice Presidente da LASPGHAN e professor da Escola de Medicina da PUCRS, pai de Matheus, Natasha e Vanessa.
Enquanto a refeição acontece, o uso de tablets, celulares e da própria televisão não é recomendado². Além de interferir no diálogo familiar, pode fazer com que os alimentos sejam comidos rápidos demais e até mesmo optando pela praticidade de refeições mais calóricas e nutritivamente pobres.
Na infância, quando existem dificuldades na alimentação, há o risco de comprometimento cognitivo, baixo rendimento escolar, baixa imunidade, entre outras deficiências. De acordo com uma pesquisa feita pela Danone Nutricia sobre dificuldades alimentares em crianças brasileiras, realizada entre maio e junho de 2020, 37%³ têm comportamento inadequado no momento das refeições.
Mas afinal, o que fazer?
Para encarar o problema de frente, o primeiro passo é identificar o que dificulta as refeições e pensar em metas realistas para resolvê-lo. Não adianta querer mudar da água para o vinho da noite para o dia, o importante é que essa transformação seja gradual e, principalmente, consciente.
Como alternativa para fortalecer esse vínculo com a família, tente cozinhar com antecedência, evitando assim a tentação de pedir fastfood, planeje ao menos uma refeição juntos ao dia, e até mesmo opte por fazer as compras de mercado com os filhos, assim as crianças podem opinar também.

Encarar esse desafio pode não ser uma tarefa fácil, mas para garantir uma alimentação saudável, é preciso conhecer os três pilares fundamentais: Quantidade, Qualidade e Variedade (QQV). Para as diferentes fases das crianças, é importante oferecer uma dieta equilibrada e nutritiva, que cubram as necessidades. Para isso, aposte em alimentos frescos e incentive o consumo de frutas, verduras e vegetais, além de garantir que os alimentos se complementem e evitem assim as deficiências nutricionais.
Para saber mais sobre o assunto, o movimento NutriAção foi criado para conversar diretamente com toda a família sobre as dificuldades alimentares da primeira infância. Com conteúdos educativos, explicados de maneira lúdica e interativa, você poderá tirar diversas dúvidas. Para fazer parte, acesse www.milnutri.com.br/nutriação.
Referências:
1. https://www.hsph.harvard.edu/news/multimedia-article/family-meals-healthy-eating/
2. Jenny S. Radesky , Caroline J. Kistin , Barry Zuckerman , Katie Nitzberg , Jamie Gross , Margot Kaplan-Sanoff , Marilyn Augustyn e Michael Silverstein. Pediatrics, março de 2014, peds.2013-3703; DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2013-3703
3. Pesquisa feita pela Danone Nutricia sobre dificuldades alimentares em crianças brasileiras, em maio e junho de 2020