Um estudo publicado na última quinta-feira (16) na revista científica Nature Neuroscience concluiu que, em ratos, a proteína spike do Sars-CoV-2 pode ultrapassar a barreira hematoencefálica, ou seja, a estrutura que protege o sistema nervoso central do possível contato com toxinas que estejam presentes no sangue.
A descoberta foi feita por pesquisadores de universidades norte-americanas e sugere fortemente que o vírus causador da Covid-19 pode entrar no cérebro.
As proteínas spike, também chamada de proteína S1, ditam em quais células o vírus pode entrar e podem causar danos à medida que elas se soltam do vírus, provocando inflamações. “A proteína S1 provavelmente faz com que o cérebro libere citocinas e produtos inflamatórios”, afirmou William A. Banks, professor de medicina da Universidade de Washington e coautor do estudo.
Entenda o estudo
Com o início da pandemia, o professor decidiu analisar o comportamento do Sars-CoV-2 no sistema nervoso. Para isso, ele buscou entender como se dá a “tempestade de citocinas” causada pela Covid-19, uma reação exagerada do sistema imunológico ao tentar matar o vírus invasor. Um paciente que apresente essa reação pode ter dificuldade de pensar com clareza, fadiga e outros problemas cognitivos.
Segundo a Galileu, de acordo com Banks, a proteína spike do Sars-CoV-2 funciona de forma similar à proteína gp 120 do HIV-1: ambas são glicoproteínas (possuem cadeias de açúcar), são os “braços” de seus vírus (prendendo-os às células do hospedeiro) e capazes de atravessar a barreira hematoencefálica.
“Nós sabemos que, quando você tem a infecção Covid-19, tem dificuldade para respirar e isso se deve a uma infecção no seu pulmão, mas uma explicação adicional é que o vírus entra nos centros respiratórios do cérebro e causa problemas lá também”, diz o especialista.