A pesquisadora Noemia Ishikawa, viu pela primeira vez, fungos bioluminescentes em uma passagem na Floresta Amzônica. Eles foram mostrados por uma pessoa que morava na região, que apresentou o fenômeno como “Brilhos da Floresta”.
A espécie de fungos brilham só no período da noite e já eram conhecidos entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira. Eles usavam para iluminar as trilhas que faziam nesse horário. Além disso, pesquisadores descobriram mais um fenômeno bioluminescente, em 2018 nas margens do rio Cuieiras, que liga Manaus a cidade de Maués, no Amazonas. E em novembro deste ano, confirmaram ser uma segunda espécie do fungo.
Durante três anos, a espécie passou por análises por um grupo de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A pesquisa chegou a ser publicada na revista científica Mycoscience, da Agência de Ciência e Tecnologia do Japão.
“Quando você encontra um fungo bioluminoso na floresta, parece que você está vendo uma noite estrelada, só que no chão. Para achar um cogumelo parece um pouco difícil, mas no substrato é bem mais fácil”, disse Noemia Ishikawa.
A nova espécie encontrada em 2018, foi nomeada de Mycena cristinae, em homenagem à uma professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Cristina Maki. Ela estava fazendo parte da pesquisa científica, no entanto faleceu antes de ver a conclusão do projeto.
Os fungos bioluminescentes podem ser encontrados em troncos caídos das árvores e folhas no chão. A pesquisadora, Noemia Ishikawa também disse que uma das maneiras de confirmar a luminosidade dele é através da fotografia. No entanto, há uma dificuldade maior através disso, devido a sensibilidade da luz que é produzida por eles.
“Nesse caso, para confirmar se realmente era uma nova espécie nós estudamos a descrição da morfologia, da parte microscópica, as células, que são utilizadas para a identificação da espécie, além de fazer a sequência de DNA e nós constatamos que esse era um tipo diferente de fungo bioluminescente”, afirmou.
Jadson Oliveira, principal pesquisador do projeto, explicou que o motivo da luz ocorre devido ao metabolismo energético de alguns fungos. No entanto, é necessário uma profundidade maior para que a questão seja esclarecida.
“Até o momento, os estudos ainda não determinaram uma função objeta para esses fungos brilharem. Várias hipóteses vêm sendo propostas e avaliadas, uma delas a atração de dispersores de esporos. Outra linha argumenta que este seria apenas uma consequência ocasional das cadeias metabólicas destes fungos envolvendo o oxigênio e a respiração. O porquê e para quê a ciência ainda não tem uma resposta conclusiva. E pode ser que a luminescência tenha múltiplas funções e influências para esses fungos e para com quem interagem na natureza”
Ele também explicou qual a importância deles na natureza. “Aqui na Floresta Amazônica essa espécie em particular é degradadora de troncos. A gente pode ver que o tronco também brilha, ou seja, eles também agem nessa superfície, liberando enzimas e digerindo a madeira. Esse processo todo faz com o que o ecossistema amazônico funcione corretamente”, disse.
Além disso, a artista amazonense Hadna Abreu, desenvolveu uma exposição inspirada na pesquisa, dentro de um cubo. Ela será apresentada a partir deste sábado, 4 de dezembro, no bairro Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul de Manaus.