Neide Sellin é uma professora pública capixaba que criou um “robô cão-guia” para ajudar pessoas com deficiência visual. Aos 41 anos, ela deixou as salas de aula para realizar o sonho de levar o projeto em frente e mudar a realidade de milhões de pessoas.
Quem despertou a ideia em Neide de criar o robô foi uma de suas alunas. “Era o ano de 2011. Dava aulas de robótica para classes do ensino médio na Escola Municipal Clóvis Borges Miguel, no centro de Serra, Espírito Santo. O foco eram propostas de cunho social, como lixeiras automáticas para reciclagem. Um dia, uma aluna me perguntou se poderíamos fazer um robô-cachorrinho. Perguntei por quê, e ela logo respondeu: para ajudar as pessoas que não enxergam”.
A ideia estava implantada na cabeça, ainda que um pouco sem forma. Um grande incentivo para Neide foi lembrar que na escola onde ela dava aula havia uma estudante cega. Para entender melhor quais eram as necessidades de seu dia a dia, a professora e a menina conversaram muito. “Foi quando eu soube que desviar de objetos suspensos era o seu maior desafio. E, claro, porque a bengala não consegue alcançá-los”, contou ao Estadão.

O primeiro protótipo surgiu quatro meses depois, feito com peças de ferro-velho, e foi aprovado pela aluna, que disse que aquilo mudaria a vida dela. “Dali por diante passei a ter uma causa, um projeto mesmo de vida”. Após sair do reality show “Shark Tank” com R$200 mil e quatro sócios, as coisas começaram a andar.
Apelidado de Lysa, o robô cão-guia “fala” e consegue direcionar seus donos com mais assertividade graças a suas rodas, que os empurram para frente, para trás ou para os lados. Neide conta que Lysa é mais vantajosa do que um cachorro de verdade: ela custa R$15 mil, três vezes menos do que o valor de um animal treinado para ser um guia. Além disso, há uma fila de espera com cerca de 500 nomes para conseguir um.