Para muita gente, o Dia das Mães é aquele momento clássico de celebração, com café da manhã na cama, mensagens emocionadas e flores espalhadas pela casa. Mas nem todo mundo consegue sorrir nessa data. Para quem está passando por um processo de luto — seja pela perda de uma mãe, de um filho, pela ausência de vínculo familiar ou pela espera de uma gestação que não chegou — esse dia pode doer. E muito.
A verdade é que o Dia das Mães, embora carregado de boas intenções, pode ser um gatilho para quem está vivendo momentos difíceis. Ver vitrines cheias de presentes, propagandas emocionantes e posts nas redes sociais falando sobre o amor materno pode causar ainda mais sensação de isolamento para quem está enfrentando o luto.
Isso não quer dizer que você precise ignorar a data ou fingir que está tudo bem. O que você sente é legítimo. E sim, é possível atravessar essa data com mais acolhimento e até encontrar algum sentido nela, mesmo que de uma forma completamente diferente do que estamos acostumados a ver.
Luto não tira férias, nem em datas comemorativas
A dor de uma perda não desaparece só porque o calendário marca uma data especial. Na verdade, em momentos como o Dia das Mães, ela pode até parecer mais intensa. É como se o mundo todo estivesse comemorando algo que para você não faz mais sentido, ou pior: te machuca.
E tudo bem sentir isso. Luto não tem prazo de validade e não segue uma linha reta. Em um ano você pode querer passar o dia em silêncio, no outro pode se sentir mais confortável em participar de alguma homenagem. O importante é entender que existe espaço para todos os sentimentos: tristeza, saudade, raiva, confusão, e até alguma alegria, se ela aparecer.
Como criar seu próprio jeito de viver essa data
Se o modelo tradicional de comemoração não combina com seu momento, saiba que você pode (e deve) adaptar essa data para algo que faça sentido para você. Isso pode significar passar o dia sozinha, fazer algo simbólico em homenagem a quem se foi ou simplesmente ignorar o feriado.
Também vale ressignificar o conceito de maternidade. Mãe não é só quem gera. Talvez você cuide de animais, plantas, amigos, projetos ou mesmo seja uma presença acolhedora na vida de alguém. Tudo isso também é um tipo de maternagem. Olhar para essas formas de cuidado pode ajudar a trazer um pouco de afeto para dentro do seu próprio processo de cura.

Dê nome ao que sente e converse sobre isso
Falar sobre o que dói ainda é um tabu em muitas famílias. Mas abrir espaço para esse tipo de conversa pode ser uma forma poderosa de cura. Não precisa fazer discursos profundos ou buscar palavras perfeitas. Um simples “Hoje estou triste” já pode abrir caminho para que outras pessoas ao seu redor também se sintam autorizadas a expressar o que estão sentindo.
E se você for alguém que quer apoiar outra pessoa em luto, lembre-se: não é preciso resolver nada. Só estar presente, sem julgamento, já faz uma diferença enorme. Às vezes, a melhor coisa que você pode dizer é: “Se quiser conversar, estou aqui”.
Você tem o direito de mudar de ideia (e de planos)
Se você fizer planos para esse dia e acordar se sentindo completamente diferente, tudo bem. Mude. Cancele. Fique em casa. Ou saia para respirar. Você não precisa seguir nenhuma regra. O mais importante é respeitar seu tempo e suas emoções.
Colocar limites e expressar o que você precisa, mesmo que isso signifique não participar de uma reunião familiar, é uma forma de autocuidado. Não é egoísmo, é sobrevivência emocional.
No fim das contas, vale tudo — desde que seja verdadeiro para você
O Dia das Mães pode ser sobre dor, saudade, alívio, amor, raiva, esperança… ou tudo isso junto. Cada pessoa vai vivenciar esse momento de um jeito único. O mais importante é lembrar que nenhum sentimento é “errado”. Você não precisa se encaixar em nenhuma expectativa externa. A única obrigação que você tem é consigo mesma: ser honesta com o que sente.
Se der vontade de comemorar, comemore. Se preferir se recolher, faça isso. Se quiser ignorar completamente, vá em frente. Seu luto, sua história, seu jeito de viver essa data.