A epilepsia, uma condição que afeta cerca de 2% da população global em algum momento da vida, manifesta-se frequentemente durante a infância e a velhice, períodos de maior vulnerabilidade cerebral. Segundo Laura Guilhoto, neurologista e presidente da Associação Brasileira de Epilepsia, o diagnóstico precoce e preciso é fundamental para um tratamento eficaz, sendo o eletrencefalograma um dos principais exames utilizados para identificar a doença.

Desde os primeiros anos de vida, a epilepsia pode se apresentar sob diversas formas. Laura esclarece que aproximadamente 50% dos casos são diagnosticados em crianças com menos de cinco anos. As manifestações podem variar desde movimentos rítmicos sutis até paradas momentâneas do olhar acompanhadas de alterações na coloração dos lábios.
Entre os diversos tipos de crises epilépticas, as convulsões são as mais reconhecidas. Caracterizam-se por um período inicial de rigidez seguido por movimentos ritmados dos membros, podendo durar até dez minutos. Neste período, podem ocorrer perda de saliva e incontinência urinária. Após a crise, é comum haver confusão ou sonolência temporária.
Além das convulsões, existem outros tipos de crises epilépticas, como as ausências, que levam o indivíduo a interromper suas atividades e demonstrar confusão, e as crises focais, caracterizadas por movimentos ou sensações localizadas.
Mitos e verdades sobre a epilepsia

A epilepsia não pode ser prevenida na maioria dos casos. No entanto, medidas como um bom acompanhamento pré-natal e cuidados durante o parto podem reduzir o risco de desenvolvimento da doença em crianças. Para os adultos, evitar o abuso de álcool e drogas contribui para a prevenção. Pacientes com epilepsia podem ter uma vida normal apesar da condição, sem grandes restrições, porém, existem alguns fatores que podem estimular as crises, como o estresse.
Existem pessoas que não sabem como ajudar durante uma crise epiléptica, um dos mitos que existem sobre o assunto é que se deve segurar os braços e a língua da pessoa. Entretanto, o correto é manter o paciente em uma posição segura sem interferir nos seus movimentos ou introduzir objetos na boca, pois a pessoa continua consciente durante o episódio .
Tratamento da doença

No Brasil, o tratamento da epilepsia é abrangente e disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), cobrindo desde o diagnóstico até o acompanhamento contínuo e a terapia medicamentosa necessária. O ponto de partida é geralmente nas Unidades Básicas de Saúde distribuídas por todo o território nacional, garantindo acessibilidade ao tratamento inicial.
Quando necessário, o paciente pode ser encaminhado para serviços especializados de média e alta complexidade. A estratégia terapêutica foca na prevenção das descargas elétricas anormais no cérebro que originam as crises epilépticas. Para os casos mais severos, que não respondem ao tratamento medicamentoso convencional, a cirurgia pode ser considerada uma opção viável.