Nessa terça-feira, dia 24 de janeiro, Giovanna Ewbank se emocionou ao falar da condição do filho Bless, de 8 anos, que foi descoberta recentemente. Ela não conteve o choro na conversa com Fernanda Paes Leme e Manoel Soares, no podcast Quem Pode, Pod, ao contar sobre como descobriu que o filho tinha uma “síndrome sensorial”.

Durante a pandemia, a atriz notou o filho “muito aéreo” e estranhou algumas atitudes do menino e, por não entender, chegou a reprovar o menino pelas atitudes. “Diversas vezes ele passava, por exemplo, pela cozinha, e falava: ‘Ai, que cheiro forte!’. E eu falava: ‘Bless, para com isso. É frescura, filho! É o cheiro da cebola’. Quando ele pisava na grama e falava: ‘Me tira daqui!’. E eu falava: ‘Filho, para de frescura, é só grama’. Queria muito colo, não gostava de ir para o meio do mato – onde a gente vai muito – porque o barulho das moscas incomodava ele”, comentou a apresentadora.
“Comecei a achar que ele poderia ter um grau de autismo ou algo do tipo. Comecei a procurar médicos para entender o que era, (…) até que encontrei uma médica em São Paulo que o diagnosticou com uma síndrome sensorial. Ele ouve mais do que nós todos, ele sente mais tato que nós todos, sente mais cheiro que todos”, detalhou.
O que é a síndrome sensorial?
De acordo com o psicólogo Alexander Bez, especialista em Saúde Mental pela Universidade da Califórnia (UCLA), a manifestação do Transtorno do Processamento Sensorial (TPS), como é cientificamente chamada a síndrome sensorial a que Giovanna se referiu, se faz através da hipersensibilidade – sentir os estímulos externos bem aguçados, ou através da hipossensibilidade – com a falta da apreciação correta de sentir os estímulos.
Ou seja, se trata de uma condição em que, tanto o cérebro, quanto o sistema nervoso apresentam dificuldades para processar estímulos do ambiente e os sentidos. “Nos EUA, a prevalência é uma média de 5% a 16,5%, de acordo com o John Hopkins Hospital em relação à população geral, dados esses que não o colocam como um transtorno raro”, afirma ao dizer que a condição é mais comum do que se pensa.

O desenvolvimento infantil costuma ser afetado justamente pelas carências de reconhecimento dos estímulos. Causando assim prejuízos nos aprendizados, na absorção dos conteúdos e nas interações escolares. “Os sentimentos são prejudicados pela dificuldade de receber carinho familiar, uma vez que o tato pode não ser sentido ou ser sentido demais. A criança também é prejudicada em seu universo sentimental emocional”, explica.
Indícios que a criança pode dar quando tem o TPS
Giovanna Ewbank conta que Bless se incomodava muito ao ter experiências sensoriais mais “fortes” do que ela, e antes de saber do que se tratava não conseguia compreendê-lo. Segundo a Dra. Telma Abrahão, especialista em neurociência do desenvolvimento infantil e idealizadora da Educação Neuroconsciente, os sintomas do transtorno normalmente dão sinais quando a criança apresenta dificuldades para comer alimentos com diferentes texturas ou usar uma roupa com um determinado tecido.

“A etiqueta incomoda ou uma blusa que vai vestir tem um tecido mais duro, a criança chora, ela não quer colocar e o pai e mãe não entendem, acham que a criança está sendo muito seletiva ou muito exigente e na verdade não é isso”, afirma ao dizer que muito dos pais não sabem como lidar com o transtorno.
Conforme ela, quando os parentes recebem o diagnóstico, na verdade, traz um alívio pra toda a família, porque o pai e a mãe começam a entender a criança. “Olhar pra criança com toda a empatia e respeito que ela precisa é importante, porque ela sofre e se sente muito só quando não consegue saber o que tem, nem verbalizar o que sente. Além de tudo, é muito comum que seja castigada pelos pais, que sofra críticas e isso só piora o comportamento da criança”, finaliza explicando a importância do apoio e paciência dos pais nesses momentos.