O debate sobre como criar os filhos nunca sai de cena. De alimentação a sono, sempre há uma opinião (ou um julgamento) pronto para aparecer. E, nos dias de hoje, uma nova polêmica entrou no jogo: o tempo de tela. Um estudo recente da ValuePenguin revelou que cerca de 40% dos pais admitem julgar outras famílias por suas regras sobre o uso de telas. E não para por aí: 45% já se sentiram julgados pelas próprias escolhas nesse quesito.
O impacto disso vai além dos comentários atravessados em grupos de mensagens. O estudo apontou que um terço dos pais chega a impedir seus filhos de interagirem com amigos cujas regras de tela são diferentes. Mas por que tanto julgamento? E como podemos mudar essa cultura de críticas entre famílias?
Por que o tempo de tela virou motivo de julgamento?
Em um mundo onde telas estão por toda parte, os pais tentam equilibrar os benefícios da tecnologia com os desafios que ela pode trazer. Mas o medo do “excesso” faz com que as opiniões se tornem cada vez mais rígidas – e, muitas vezes, implacáveis.
Crianças que passam mais tempo no celular, no tablet ou no videogame podem ser rotuladas como “viciadas em tela“, enquanto pais que impõem regras mais flexíveis podem ser vistos como permissivos demais. A pressão social é tão forte que 23% dos pais já admitiram mentir sobre o tempo de tela dos filhos para evitar críticas.
Mas o problema vai além do que os pais sentem. Quando 30% deles dizem que já impediram seus filhos de brincarem com amigos que têm regras diferentes, o impacto pode ser profundo. Esse tipo de atitude pode levar ao isolamento social das crianças e até afetar seu desenvolvimento emocional.

Tempo de tela não é vilão: quais são os benefícios?
Se por um lado o uso excessivo de telas pode gerar desafios, como dificuldades no sono e questões de saúde mental, por outro, quando bem direcionado, ele pode trazer muitos benefícios. O segredo está no equilíbrio e no tipo de conteúdo consumido. Veja algumas vantagens do tempo de tela:
- Desenvolvimento social: jogos multiplayer e videochamadas com a família ajudam as crianças a se comunicarem melhor.
- Pensamento crítico: jogos estratégicos e aplicativos educativos estimulam a resolução de problemas.
- Criatividade em alta: vídeos, plataformas de arte digital e até alguns games incentivam a imaginação.
- Auxílio na aprendizagem: aplicativos de matemática, leitura e ciências podem complementar o ensino escolar.
- Habilidades motoras e digitais: mexer no computador, usar tablets e até jogar videogames exige coordenação e destreza.
Ou seja, tempo de tela não precisa ser um grande vilão – tudo depende de como ele é utilizado.
Como apoiar os pais sem julgamentos?
A parentalidade já vem com desafios suficientes sem a necessidade de olhares críticos de todos os lados. Cada família tem sua realidade, suas necessidades e suas próprias soluções. Talvez uma criança precise de um tempo extra na tela para acompanhar aulas online ou aprender algo novo. Talvez um desenho animado seja a única forma de acalmá-la depois de um dia difícil. O que funciona para uma família pode não funcionar para outra – e tudo bem!
Antes de julgar, vale lembrar que, do outro lado da tela, há uma mãe ou um pai fazendo o melhor que pode. E, no final das contas, apoio e compreensão sempre farão mais diferença do que qualquer crítica.