O universo da literatura e das artes gráficas brasileiras perde um de seus maiores expoentes. Ziraldo Alves Pinto, conhecido mundialmente por sua obra “O Menino Maluquinho” e pela criação da “Turma do Pererê”, nos deixou no sábado, dia 6, aos 91 anos de idade. Sua morte foi confirmada por familiares do artista, deixando um legado inestimável para a cultura nacional.
Nascido em 6 de abril de 1932, na cidade do Rio de Janeiro, Ziraldo cresceu entre os traços e as cores que definiriam sua jornada. Desde muito cedo, sua vocação para as artes ficou evidente, com a publicação de seu primeiro desenho no jornal Folha de Minas quando tinha apenas seis anos. Sua formação acadêmica incluiu dois anos de estudos no Rio de Janeiro antes de voltar a Caratinga, onde concluiu o ensino médio. Posteriormente, graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1957, embora nunca tenha abandonado sua verdadeira paixão pelas artes gráficas.
O início de sua carreira profissional se deu no jornal Folha da Manhã (hoje Folha de S.Paulo), em 1954, onde manteve uma coluna dedicada ao humor. Seu talento único logo o levou a alcançar reconhecimento nacional, consolidando sua carreira na revista O Cruzeiro em 1957 e mais tarde no Jornal do Brasil, em 1963. Foi nesse período que personagens icônicos como Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho cativaram o público brasileiro.
Em 1960, Ziraldo fez história ao lançar a “Turma do Pererê”, a primeira revista em quadrinhos brasileira criada por um único autor e também a primeira totalmente colorida produzida no país. Apesar do sucesso e das altas tiragens, a revista foi descontinuada em 1964 com o advento do regime militar.
Reconhecido internacionalmente, Ziraldo recebeu importantes premiações ao longo de sua carreira, incluindo o “Nobel” Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e o prêmio Merghantealler, considerado a principal honraria da imprensa livre latino-americana.
Ziraldo era pai da cineasta Daniela Thomas e do compositor Antonio Pinto, deixando não apenas um legado familiar nas artes, mas também um vasto patrimônio cultural que continuará inspirando gerações futuras. Sua contribuição para a literatura infantil brasileira será eternamente lembrada e celebrada.
O Brasil se despede de um de seus filhos mais talentosos, cuja obra transcendeu gerações e fronteiras. Ziraldo permanecerá vivo através das páginas coloridas e das histórias que encantaram – e continuarão encantando – crianças e adultos por todo o mundo.