Dois meses após a trágica morte de Gene Hackman e sua esposa, Betsy Arakawa, a polícia de Santa Fé, no estado americano do Novo México, divulgou imagens impactantes do interior da mansão onde o casal foi encontrado sem vida. O vídeo, captado pelas câmeras corporais dos primeiros agentes que chegaram ao local, mostra o momento delicado em que os policiais encontram o corpo de Betsy com um dos cachorros da família deitado ao lado dela, em uma demonstração comovente de lealdade. Um segundo cão foi encontrado morto dentro da residência.
A divulgação das imagens aconteceu nesta terça-feira, 15 de abril, revelando não apenas o estado da casa, mas também detalhes que ajudam a esclarecer o que pode ter acontecido nos dias que antecederam a morte do ator, de 95 anos, e da pianista, de 65. Os policiais puderam caminhar por diferentes cômodos, como a cozinha, os quartos e salas menores, todos bastante desorganizados e repletos de caixas, livros, pertences e materiais relacionados ao cuidado dos cães. Várias caixas de transporte, caminhas e itens de uso animal estavam espalhados pelos espaços.
Betsy foi localizada primeiro. Ela estava sem vida, e um dos cães da casa permanecia junto ao corpo, como se ainda estivesse tentando protegê-la. O corpo de Hackman foi descoberto em seguida, em outro cômodo da residência.
Segundo informações divulgadas pelas autoridades de saúde de Santa Fé, o local apresentava sinais de infestação por roedores, o que contribuiu diretamente para a causa da morte de Betsy Arakawa. Ela foi vítima de hantavírus, uma doença infecciosa grave transmitida por meio do contato com fezes, urina ou saliva de roedores contaminados. Já Gene Hackman morreu de causas naturais relacionadas a uma condição cardiovascular: doença hipertensiva e aterosclerótica.
A polícia acredita que o ator, que convivia com o Alzheimer, não conseguiu administrar sua própria medicação após a morte da esposa. A hipótese mais considerada pelos investigadores é de que ele teria falecido cerca de uma semana depois de Betsy, por complicações relacionadas à sua condição de saúde não tratada nesse período.
Gene Hackman, conhecido por seus papéis icônicos no cinema e vencedor de dois Oscars, havia se afastado das telas em 2004, aos 74 anos. Desde então, vinha levando uma vida mais reclusa ao lado da esposa, com quem estava casado desde 1991. Além de sua carreira como ator, Hackman se dedicava à escrita de romances e mantinha um estilo de vida discreto em Santa Fé, longe dos holofotes de Hollywood.
Durante a juventude, o ator enfrentou perdas difíceis, incluindo a morte trágica da mãe durante a adolescência. Em entrevistas anteriores, Hackman também falou sobre os desafios da paternidade. “Foi difícil”, afirmou em uma de suas últimas declarações públicas sobre a relação com os filhos, demonstrando arrependimento por não ter conseguido manter uma conexão mais próxima com a família ao longo da carreira.
O estado da casa no momento da descoberta dos corpos levantou preocupações também sobre o estilo de vida que o casal vinha levando. Com a residência tomada por pertences acumulados e sinais evidentes de falta de higiene, a situação reforça o impacto da deterioração da saúde física e mental em idosos que vivem de forma mais isolada. A presença de roedores e as condições insalubres chamaram a atenção das autoridades sanitárias, que emitiram um alerta para os riscos da exposição ao hantavírus, especialmente em ambientes fechados com presença de animais infectados.

Os corpos de Gene e Betsy foram enterrados recentemente, conforme informações divulgadas pela revista People. A família optou por uma cerimônia reservada, preservando a privacidade de um dos nomes mais respeitados da história do cinema americano.
A comoção nas redes sociais foi imediata após a divulgação do vídeo. A imagem do cão ao lado da dona gerou mensagens de solidariedade e tristeza. Para muitos internautas, o gesto do animal simboliza a fidelidade e o afeto que ultrapassam até mesmo a morte. O caso também reacendeu discussões sobre a importância do acompanhamento médico e emocional de idosos, especialmente em casos de doenças degenerativas como o Alzheimer, que pode comprometer gravemente a autonomia e o autocuidado.