A morte do Papa Francisco em 2025 trouxe uma onda de reações globais, mas a resposta da China foi notavelmente discreta. A China, que é oficialmente um estado ateu, abriga milhões de católicos, mas mantém uma relação complexa com o Vaticano. A perda do líder religioso representa um desafio para a continuidade dos esforços de aproximação entre as duas entidades.
A mídia estatal chinesa dedicou pouca atenção ao falecimento do Papa Francisco. A resposta oficial do governo chinês veio apenas 24 horas após o anúncio do Vaticano, durante uma coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores. O porta-voz, Guo Jiakun, expressou condolências e reafirmou o desejo da China de continuar melhorando as relações com o Vaticano.
Como a China e o Vaticano mantêm suas relações?
As relações entre a China e o Vaticano são marcadas por uma sensibilidade peculiar, dada a postura oficialmente ateísta do Partido Comunista Chinês. Desde 1951, quando o regime comunista rompeu os laços diplomáticos e expulsou o enviado papal, não há relações diplomáticas formais entre as duas entidades. Contudo, nos últimos anos, houve esforços para retomar o diálogo e melhorar a comunicação.
Um dos principais pontos de discórdia entre Pequim e o Vaticano é a questão de Taiwan. O Vaticano é um dos poucos estados que ainda reconhece a soberania de Taiwan, o que é um ponto sensível para a China, que considera a ilha parte de seu território. Apesar disso, o Vaticano e a China têm buscado um entendimento, especialmente em questões religiosas.

Qual é o papel do acordo de 2018 entre China e Vaticano?
Em 2018, um acordo histórico foi firmado entre a China e o Vaticano, visando resolver a questão da nomeação de bispos católicos na China. Este acordo, cujos detalhes permanecem em grande parte confidenciais, foi renovado em 2020, 2022 e está previsto para ser prorrogado novamente em 2026. O objetivo é encontrar um meio-termo que permita a nomeação de bispos aceitos por ambas as partes.
Embora o Vaticano defenda que o acordo tem produzido resultados positivos, há preocupações entre os católicos clandestinos na China, que temem ser abandonados. Críticos questionam a colaboração com um governo que tem restringido a liberdade religiosa sob a liderança de Xi Jinping. No entanto, o Vaticano insiste que o acordo visa expandir o número de fiéis católicos na China.
Quais são os desafios futuros para os Católicos na China?
Estima-se que existam cerca de 6 milhões de católicos na China, segundo dados oficiais, mas o número real pode ser maior, considerando aqueles que frequentam igrejas clandestinas. O Papa Francisco expressou o desejo de visitar a China, um feito inédito para um papa. Em 2014, ele enviou uma mensagem a Xi Jinping ao sobrevoar o espaço aéreo chinês, e em 2023, durante uma visita à Mongólia, enviou saudações ao povo chinês.
O Vaticano tem buscado melhorar as relações com a China, mas desafios persistem, especialmente em relação à liberdade religiosa e à questão de Taiwan. A morte do Papa Francisco pode influenciar a direção futura dessas relações, mas o desejo de diálogo e cooperação continua a ser uma prioridade para ambas as partes.