O clima esquentou nos bastidores da CPI das Bets, comissão parlamentar que investiga a publicidade de jogos de azar online feita por influenciadores digitais. No centro da nova polêmica, estão o Padre Patrick, que participou da CPI como convidado, e Margareth Serrão, mãe da influenciadora Virginia Fonseca.
O sacerdote foi chamado para dar seu depoimento no Senado Federal e explicou que aceitou o convite por conhecer diversas famílias que enfrentam sérias dificuldades financeiras por conta do vício em apostas. Ele também revelou ter recusado propostas generosas para divulgar plataformas de jogos, incluindo uma oferta de R$ 560 mil. Durante seu discurso, ele criticou a prática de promover jogos de azar, especialmente por pessoas que influenciam milhares de seguidores.
Mas o que era para ser um alerta sobre os riscos das apostas online acabou gerando uma resposta intensa. Margareth Serrão usou as redes sociais para rebater a fala do padre. Segundo ela, o religioso estaria apenas buscando engajamento com o tema da moda e aproveitando a visibilidade da CPI para se promover.
A resposta que não ficou no silêncio
Em comentários publicados no Instagram, Margareth afirmou que o papel de um padre deveria se limitar à igreja e ao aconselhamento dos fiéis. Para ela, a presença do sacerdote na CPI soou como um espetáculo midiático. A crítica foi direta: “Primeira vez que vejo padre em CPI no Congresso. Que vergonha”, escreveu ela, questionando até mesmo a autoridade religiosa por trás do posicionamento do pároco.
Diante das críticas públicas, Padre Patrick decidiu se pronunciar. Em vez de confrontar diretamente, ele adotou um tom pacífico, afirmando que não direcionou sua fala a nenhuma influenciadora específica e que não estava ali por fama ou curtidas. Aproveitou ainda para convidar Margareth a assistir seu depoimento completo, reforçando que sua intenção era alertar sobre os perigos dos jogos online.
Ele finalizou o comentário com um recado que repercutiu bastante: “Se você se sentiu ofendida, peço desculpas. Mas talvez quem a acusou não fui eu, foi a sua própria consciência.”

O que está em jogo na CPI das Bets
A CPI das Bets segue investigando contratos publicitários envolvendo jogos de azar promovidos por celebridades nas redes sociais. Um dos principais pontos de atenção é o fato de que, em alguns casos, os influenciadores podem ganhar mais quanto mais seus seguidores perdem nas apostas, o que levanta questionamentos éticos e jurídicos relevantes para o mercado digital.
Até agora, nomes conhecidos como Virginia Fonseca e Rico Melquiades já prestaram depoimento. E a expectativa é que mais influenciadores sejam convocados, além de representantes das casas de apostas envolvidas, especialmente para esclarecer cláusulas contratuais, métodos de remuneração por desempenho e o alcance das campanhas nas redes sociais.
Enquanto isso, a discussão sobre o papel de figuras públicas, sejam elas religiosas ou não, nesse cenário continua acalorada. De um lado, quem acredita que é dever de todos alertar sobre práticas prejudiciais. Do outro, quem entende que o uso da exposição pode acabar desviando o foco da mensagem principal.