Durante a Missa de Sétimo Dia de Preta Gil, realizada na Paróquia Santa Mônica, no Leblon, Gilberto Gil falou com emoção sobre a filha e o legado que ela deixa após sua luta contra o câncer. A cerimônia, marcada por muita comoção, contou com a presença de familiares, amigos e admiradores.
Um momento de união e lembrança
Gil, ao lado da esposa Flora Gil e do neto Francisco Gil, único filho de Preta, destacou que a celebração religiosa serviu como um instante para reunir os que amavam a cantora e manter viva sua memória. “É um encontro como tantos outros que teremos daqui em diante, sempre que estivermos entre entes queridos e amigos próximos”, declarou.
Segundo o artista, o carinho que Preta despertou não se limitava à família. “Ela conquistou o coração do povo brasileiro. A lembrança dela vai permanecer viva com todos nós”, disse ele, ressaltando o afeto que a cantora cultivou ao longo de sua carreira e vida pessoal.

A difícil despedida
Ao refletir sobre os dois anos em que a filha enfrentou o câncer, Gil comentou como esse processo foi desafiador para todos. “Todos sabem, no país inteiro, que a Preta passou por um longo período de adaptação à partida, ao processo todo de ir embora. A ficha para nós todos e para ela, especialmente, foi caindo aos poucos. Foram dois anos [do tratamento de câncer]”, contou. Ele reforçou que o sofrimento enfrentado por Preta causou impacto profundo nos que estavam ao seu redor.
“Há uma dor que permanece pelo tempo prolongado de luta que ela enfrentou”, disse, visivelmente tocado. Apesar disso, Gil acredita que esse percurso doloroso também fortaleceu a conexão e a compreensão de todos sobre o que significa dizer adeus.
Um legado inspirador
Gilberto Gil destacou que a história da filha ganha ainda mais relevância no contexto atual, em que o mundo vive momentos de distanciamento emocional e incertezas. “Vivemos uma era em que o afeto está muitas vezes aprisionado, tratado como algo manipulável”, observou.
Para ele, a forma como Preta viveu e se despediu traz uma mensagem importante. “A lembrança dela circula com força, permanece presente. Isso é um consolo frente aos tempos difíceis que atravessamos”, explicou. O artista acredita que a maneira como a filha lidou com a doença e a morte é um convite a todos para refletirem sobre o poder do amor e da empatia.
Presença que permanece
Mais do que uma despedida, Gil vê esse momento como o início de uma nova forma de presença de Preta entre os que a amam. “Ela continua conosco, não só na memória, mas na maneira como nos tornamos mais sensíveis e generosos por causa dela”, afirmou.
Em sua fala, o cantor resumiu com ternura o impacto da filha: “A ausência dela também é uma forma de presença, porque nos transformou. Passamos a valorizar mais o afeto, a ternura, o cuidado”
A partida precoce de Preta Gil
Preta Gil faleceu aos 50 anos, deixando uma trajetória marcante não apenas na música, mas também na televisão e na luta por diversas causas sociais. A cantora estava em Nova York, realizando um tratamento experimental contra o câncer colorretal, que havia sido diagnosticado em 2023. Inicialmente, a doença entrou em remissão, mas retornou de forma mais agressiva meses depois, com metástases no peritônio e um nódulo no ureter.
Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, Preta foi mãe de Francisco, de 30 anos, e avó de Sol de Maria, de 9. Seu legado inclui a constante defesa da diversidade, do empoderamento feminino, da valorização do corpo e da liberdade sexual.