O influenciador digital Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, presos sob suspeita de exploração sexual e econômica de menores, além de envolvimento com trabalho infantil irregular, viviam em uma mansão luxuosa no bairro Portal do Sol, em João Pessoa (PB).
Segundo documentos revelados com exclusividade pela Veja Gente e confirmados pela Quem, o imóvel, avaliado em R$12 milhões, nunca foi quitado pelo casal.
Mansão milionária: nenhum pagamento foi feito
De acordo com o processo, a casa foi vendida por Roberto Cavalcanti de Morais Junior a Hytalo Santos, que se comprometeu a pagar o valor total em seis parcelas de R$2 milhões cada. No entanto, nenhuma das parcelas foi quitada.

O contrato também previa uma multa em caso de inadimplência: “Ante o exposto, na esperança de que será resolvido da melhor forma, requer-se o pagamento da multa sancionatória no importe de 20% do valor do contrato, em conformidade com a subcláusula 4.2; bem como o pagamento dos honorários advocatícios de cobrança extrajudicial no importe de 5% do valor inadimplido, conforme estabelecido na subcláusula 2.3.”
Além da multa de 20% sobre o valor total, o contrato estipula ainda honorários advocatícios de 5% (extrajudicial) e 20% (judicial), totalizando uma possível dívida ainda maior.
Depoimentos revelam rotina de controle e exploração
Ex-funcionários do casal, em relatos concedidos ao programa Fantástico, da TV Globo, descreveram uma rotina rígida e abusiva imposta aos menores que viviam na casa. Segundo os testemunhos, as crianças e adolescentes eram tratados como se fossem “propriedade” de Hytalo.
“Inclusive já teve filmagens que ele fez para postar na rede social, que as crianças estavam indo para escola e, após desligar as câmeras, elas não iam para escola. Ou, se acontecesse de eles irem para a escola e surgir alguma agenda ou algo que precisasse de um deles, eles iriam lá simplesmente para pegar a criança”, relatou um ex-funcionário.
Festas com menores e bebida alcoólica liberada
Outro ponto levantado nos depoimentos foi a frequência de festas na mansão, com acesso liberado a bebidas alcoólicas, inclusive para menores de idade.
“Eu presenciei muita festa, bebida, e a bebida era à vontade para todo mundo. Todos bebiam, sem restrição”, afirmou outro ex-colaborador.
Condições precárias e exploração de conteúdo
Uma ex-funcionária ainda revelou ao Ministério Público que os ambientes da casa eram sujos, e os jovens, muitas vezes, ficavam sem alimentação adequada, dependendo da autorização de Hytalo até para se alimentar.
Segundo os relatos, a casa funcionava como uma espécie de “reality show”, onde os adolescentes gravavam vídeos diariamente, muitos com coreografias sensuais. Esse conteúdo era publicado nas redes sociais, gerando lucros para Hytalo por meio de rifas, sorteios e ações publicitárias online.
Investigação continua
Hytalo Santos e Israel Nata Vicente seguem presos enquanto o caso é investigado pelas autoridades da Paraíba. O Ministério Público acompanha os desdobramentos e apura se há envolvimento de terceiros no esquema de exploração.