Marcello Antony, hoje com 60 anos, tem uma família extensa e cheia de histórias. Ele é pai de Francisco, 22, e Stephanie, 25, filhos que adotou quando era casado com a atriz Mônica Torres. Também considera como filhos os enteados Lucas, 24, e Louis, 20, filhos de sua atual esposa, Carolina Villar, com quem teve Lorenzo, de 13 anos. Ao todo, são cinco jovens que ele trata com o mesmo carinho e dedicação.
“Ser pai moldou quem eu sou”, contou o ator em entrevista à Quem. Ele reconhece que cada pessoa tem seu caminho e nem todos desejam ter filhos, mas afirma que, para ele, a paternidade sempre foi algo essencial. “Não imaginava ter tantos filhos, mas foi acontecendo, e só me tornou um ser humano melhor”, disse.

Filhos independentes e caminhos distintos
Desde que se mudou para Portugal, em 2018, onde atua como corretor de imóveis de alto padrão, Antony passou a acompanhar de perto as decisões profissionais dos filhos na Europa. Ele destaca que, apesar de oferecer conselhos, nunca impôs nada a eles.
Francisco, por exemplo, começou trabalhando como auxiliar em um restaurante e atualmente ocupa o cargo de coordenador de cozinha. O jovem sonha em se tornar um chef renomado, e conta com o total apoio do pai. “Ele tem talento e paixão, e isso é o mais importante para mim”, afirmou o ator.
Lucas e Louis, por sua vez, vivem na Holanda e trabalham como entregadores por aplicativo. A decisão de trabalhar nesse setor foi deles, e Antony reforça o orgulho que sente por ver os enteados traçando suas próprias rotas. “Eles estão ganhando o dinheiro deles com dignidade e foco no futuro. Isso é o que realmente vale”, comenta.
Para Antony, a jornada pessoal de cada filho importa mais do que qualquer título ou posição. Ele acredita que o caminho trilhado, com erros e acertos, é o que mais ensina. “O importante é dar o primeiro passo. Depois disso, as coisas começam a acontecer”, resume.
Adoção e preconceito: uma história de superação
Um dos momentos mais significativos da vida de Antony foi a chegada de Francisco, em 2003. O menino nasceu com o vírus HIV transmitido pela mãe biológica, mas com poucos meses o vírus desapareceu de seu organismo.
Na época, a condição não foi divulgada. Antony optou por preservar a privacidade do filho, em meio ao estigma que ainda cercava o HIV. “Falar sobre isso só veio anos depois, quando ele já era um jovem. Foi um processo muito espontâneo”, explicou.

Ao compartilhar a história publicamente, o ator queria inspirar outras famílias e desmistificar o medo em torno da adoção de crianças em situações delicadas. “Amor vence qualquer desafio. Essa experiência só reforçou minha convicção de que o preconceito precisa ser combatido com informação e empatia.”
Segundo ele, Francisco nunca sofreu nenhum tipo de rejeição ou discriminação, especialmente depois da mudança para Portugal. “Aqui, isso nunca foi assunto. Ele é um jovem como qualquer outro, cheio de sonhos e metas”, completou.
Reflexões sobre a paternidade consciente
Marcello Antony reforça que a função paterna vai além de prover. Para ele, é sobre apoiar, ouvir e dar espaço para que cada filho encontre seu propósito.
“O que importa é o crescimento pessoal de cada um, e saber que eles estão no controle de suas vidas. Eu estou aqui para apoiar, não para impor”, finaliza.
A história do ator é um lembrete de que laços de amor e respeito são mais fortes do que qualquer estigma social. Ao compartilhar sua vivência, ele amplia o diálogo sobre paternidade, adoção e liberdade de escolha, incentivando outros a seguir pelo mesmo caminho de acolhimento.