Aqui em casa temos um hábito. Tenho orgulho dele. Ninguém vai dormir sem dar boa noite para a família. Não importa se vai adormecer em frente à TV ou lendo sozinho no próprio quarto. Um boa noite atencioso e cheio de carinho sempre rola. Mesmo quando o filho adolescente vai dormir contrariado com alguma negativa recebida: “Boa noite, dorme bem!”, sempre.

Ontem, estávamos jogados no sofá, todos exaustos depois de uma quarta-feira que foi uma maratona, sem ânimo sequer para trocar o canal da televisão, quando nosso filho mais velho decidiu ir dormir. E foi então que tive a ideia de falar com você sobre o que aconteceu. Algo muito simples. Singelo mesmo. Mas quer ver um pai ou uma mãe felizes? Precisa pouco, não é?
Antes do meu adolescente sair da sala para finalmente se deitar após um dia cansativo, abraçou a cada um de nós. Um boa noite bem gostoso, abraço carinhoso e espontâneo. Sei que você me entende quando digo que foi um daqueles de recarregar a alma. “Estava precisando disso”, falei enquanto o esmagava de volta.
Mas foi o abraço apertado e demorado no irmão que finalmente fez tudo valer a pena. Porque ninguém obrigou, nenhum de nós usou aquelas camisetas grandonas de “fazer as pazes” que a gente vê na internet e que obriga os irmãos a se abraçarem justo no momento que estão cheios de raiva um do outro. Nada disso.
Foi um abraço demorado. Abraço de aperto, sabe? Não aquele que a gente abraça com o pescoço. Encosta ombro no ombro e era isso. Não, abraço sentido, curtido. Para logo em seguida, dar boa noite e dormir. Em paz. Acredite em mim: se estivesse escrevendo um novo livro ou em busca de uma cena para iniciar um longa-metragem épico sobre a família, começaria por este ato. Porque o amor entre dois irmãos é o certificado de que nós, pais, estamos dando conta do recado.
Você pode até me dizer: “Mas Beto, irmão sempre ama irmão”. A gente sabe que não. Por isso, uma troca de afeto honesta entre eles é sempre um bom indício. Não está em Manual algum, então anote aí: quando não criamos disputas entre filhos, quando não passamos o tempo todo comparando um ao outro (“ah, seu irmão é tão bonzinho…”, “nossa, seu irmão come tudo sem reclamar…”), e simplesmente entregamos a dose de amor que cada um tem direito, bom, dessa forma temos grandes chances de ver uma amizade verdadeira brotar entre nossos filhos.
Resumo da ópera: quer ver pais felizes? Basta seus filhos serem amigos.