Passou voando. O tempo voa. Piscou, cresceu! São muitas as expressões para traduzir nossa angústia com a rapidez do crescimento dos nossos filhos. Mas hoje eu vim te contar um segredo que vai certamente mudar a sua vida.
Meu filho levou exatos 6.574 dias do nascimento aos seus 18 anos. Os dias seguem com 24 horas. Os anos bissextos seguem aparecendo de 4 em 4 anos. Os relógios seguem contando os segundos, os minutos e as rugas do nosso rosto.
O que faz tudo andar depressa somos nós. Cada escolha minha ou sua altera o andar da carruagem. Porque, este é o segredo que apresento para vocês aqui de bandeja: NÓS CONTROLAMOS A VELOCIDADE DO TEMPO. Nossos filhos precisam de pouco para vingar. Alimento, higiene e olho no olho. Tudo que vai além disso é perda de tempo.
Naquela noite de abril, você vai lembrar, seu pequeno passou um tempão colorindo cada detalhe do foguete que os levaria à Lua. Se dedicou aos tons e fez os contornos como um guri grande. Usou até a canetinha cara que só podia ser usada em dias especiais. Uma turbina era laranja, a outra verde escuro. Ele sempre gostou de misturar as cores. O fogo que saia da turbina laranja estava muito forte porque os foguetes precisam de muita, muita, muita potência nas turbinas laranjas, papai.
E quando seus olhinhos pequenos brilharam e ele entendeu que a pintura estava à altura da exigência do papai, parou de pé na sua frente, folha amassada e reluzente, peito estufado com o orgulho de quem vai levar seu pai à Lua, e você seguiu digitando no celular enquanto balbuciou um “agora não posso.”
Entenda: nós temos o controle da velocidade do tempo. Porque cada vez que tentamos nos convencer de que nossa prioridade é o trabalho, as metas e a vida de adulto, nesse corredor nefasto e meio gosmento das nossas desculpas esfarrapadas, dedicamos um tempo grande demais a pessoas que não importam. Nos dedicamos à opinião de quem nem ao menos gostamos.
Se trabalha dez vezes o necessário para poder comprar o carro desnecessário. Esse mês o papai vai fazer muitas horas-extras para poder pagar a ostentação. Porque em algum momento passou a ser normal desempenhar um papel para agradar aos outros. E esses outros quase sempre moram longe da nossa casa e nada têm a ver com o nosso lar.
Família é pão fresquinho. Sem levian ou manteiga importada. É vidraça que quebra, mas fazemos questão de consertar. Filho vem acima de CLT, CNPJ, MEI e $. Porque tudo o que importa nessa vida tem nome e não sigla.
Conheço gente que acumula muita grana. Uma vida dedicada a enriquecer. Os caras de pau ainda colocam a culpa nos filhos. “Faço por vocês!”.
Já entendi que a grande sacada do Einstein, que inventou essa de o tempo ser relativo, é que se você se dedica ao que nutre, seu tempo é um tempo bom. Ele passa também. Mas a colheita é longa e duradoura.
Se seu tempo é gasto com “agora não”, “espera”, “já vou”, “não posso”, “tô ocupado”, relativa é a sua paternidade. Relativamente vazia. Encha-se de olho no olho. Embarque no foguete de turbinas bicolores. Nenhuma mensagem de trabalho às 20 horas é mais importante do que ver seu filho. Enxergue isso antes que o tempo voe…