Tenho escrito sobre diferentes assuntos. Faço dessa forma para não falar apenas dos meus filhos, para não ficar cansativo para vocês, leitores. Porque por mim, eu sempre terei o que falar da Nina e do Tony. Poderia escrever uma coluna diária de tão intensa que é a nossa relação. Principalmente agora que estamos novamente sem babá. A nossa trabalhou com a gente durante três anos, e eu só tenho a agradecer. Mas, pediu as contas quando o Tony completou quarenta dias. Com o segundo filho, ela esperava que seu salário fosse dobrar. Não é bem assim que funciona, pelo menos aqui em casa. Não tivemos babá nos primeiros dois anos de vida da Nina. Mas, com dois filhos, o cenário é outro. Eu, que tinha insônia, agora durmo que é uma beleza. (risos)
Sempre sofri para acordar cedo quando frequentava a escola. Hoje eu acordo às 6h00 e vou acordar a Nina. Eu deito ao seu lado, abraço, beijo, pego no colo e a levo até a mesa do café. Abro o olho dela com o dedo e faço umas caretas. Ela não aguenta e começa a rir, ainda bem. Tomamos o café da manhã e eu chamo a Lu para dar um trato no cabelo. Eu faço tudo, mas o cabelo… é departamento da mãe.
Seguimos para a escola e temos um combinado. Eu não ouço notícias no rádio e ela não assiste DVD. É hora de conversar e brincar. Sempre observamos o dia e comentamos sobre o tempo. Também gostamos de ler a placa dos carros na nossa frente e tentamos adivinhar quais carros estão a caminho da escola.
– Você acha que esse vai, filha?
– Acho que não, pai.
– Por quê?
– Porque não tem criança nesse carro, né?
– É mesmo…
Aproveito a facilidade da idade dela em aprender e sempre dou uns toques de conhecimentos gerais. Outro dia falamos sobre os movimentos da Terra e até gravamos um vídeo quando chegamos na escola.
Agora é vez do Tony.
O cara tá lindão. Já ganhou o carinhoso apelido de chocoTony e está cada vez mais recheado.
Um dia, a Lu me chamou, abriu duas malas ENORMES com roupas que a Nina usou, para ver o que poderíamos aproveitar para ele. Ela me mostrava umas peças cor de rosa, com coração, e perguntava:
– Você acha essa muito feminina?
Doamos boa parte e aproveitamos muitas outras, depois da minha supervisão, claro!
Temos uma banheira que também foi da Nina e é ótima! Mas ela não é apenas cor de rosa, ela é PINK. Dessa vez a Lu olhou bem para mim e disse:
– E aí?
– Poxa, meu amor, tá tão nova essa banheira. Ninguém vê ele tomando banho além da gente. E tem mais, sempre que eu fotografo o banho, faço as fotos em preto e branco pra evitar bullying no futuro. Problema resolvido.
Com isso, aprendemos que o segundo filho é sustentável.
Acompanhar a infância e o desenvolvimento dos filhos assim, tão de perto, é um grande privilégio.
O Tony fez três meses e ainda estranho quando ligo para casa e pergunto se as crianças estão bem, “no plural”.
E quando a Nina, que já tem quase cinco anos, me chama de “Pai” me emociono.