Um estudo feito nos Estados Unidos, com cerca de 14 mil crianças filhas de mães que beberam durante a gravidez, aponta que recém-nascidos que não apresentaram a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), podem apresentar depois de alguns anos de vida.
Na pesquisa, apenas duas crianças haviam sido diagnosticadas inicialmente com a SAF. Mas, as famílias foram acompanhadas durante anos e, depois de um tempo, o total de crianças confirmadas com a síndrome foi de 222.
Os médicos já são treinados a orientar as grávidas a não ingerir nem uma gota de álcool, de qualquer bebida, desde o momento em que elas decidem engravidar. “A tolerância deve ser zero, tanto para as gestantes, quanto para as que estão pensando em engravidar. Já as mães que descobriram a gravidez com alguns meses e bebiam, devem parar imediatamente. Não dá para saber se o bebê já foi afetado ou não, só depois que nascer”, explica Dr. Conceição Segre*, mãe de Mônica e Fábio e neonatologista.
O que o álcool faz?
Os efeitos que pode ser causados com o consumo de álcool é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. “A vida média de uma pessoa atingida pelos efeitos do álcool é de 34 anos”, afirma Dr. Conceição.
Bebês com SAF podem ter transtornos irreversíveis, dos mais graves a situações como atrasos de desenvolvimento, de aprendizado, entre outros. Isso acontece porque o álcool entra na corrente sanguínea e atravessa a placenta. A Dr. Conceição conta que “A SAF pode causar más formações faciais, cardíacas, podendo afetar qualquer órgão, principalmente o sistema nervoso central”.
Para as crianças maiores, os traços faciais ficam mais difíceis de perceber, mas o retardo mental causado pelo álcool permanece. Segundo a pesquisa, problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Nem todos os bebês são afetados, mas a probabilidade é alta, e melhor não arriscar, não acha?
Campanha #gravidezsemalcool
A Sociedade de Pediatria de São Paulo, junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, têm uma campanha permanente que chama #gravidezsemalcool, que procura conscientizar futuras mães sobre o risco da ingestão de qualquer quantidade de álcool durante a gestação.
*Coordenadora de campanhas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Coordenadora do grupo de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal de São Paulo.
*Por Fernanda Ribeiro, filha de Keli Adriana e José
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