Nos últimos anos, a queda nas taxas de natalidade em várias partes do mundo tem sido um reflexo das mudanças sociais e econômicas. No entanto, um fenômeno interessante vem ganhando atenção: o aumento nos nascimentos múltiplos, especialmente de gêmeos. Esse fenômeno, embora curioso, está intimamente ligado a fatores como a maternidade em idades mais avançadas e o uso crescente de tratamentos de fertilidade, além de refletir o impacto de práticas médicas recentes.
Por que os nascimentos de gêmeos estão aumentando?
Entre as principais razões para o aumento dos nascimentos múltiplos está o fato de as mulheres estarem adiando a maternidade. Ao envelhecer, as mulheres podem experimentar um fenômeno conhecido como hiperovulação, que ocorre quando mais de um óvulo é liberado durante o ciclo menstrual. Isso aumenta as chances de conceber gêmeos ou até trigêmeos.
Outro fator relevante é o uso crescente de tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV). Nesses tratamentos, muitas vezes, vários embriões são implantados para garantir uma gravidez bem-sucedida, o que pode levar a gestações múltiplas. Embora as técnicas atuais tenham reduzido o número de embriões transferidos, o impacto desses tratamentos na taxa de gestações múltiplas permanece significativo.
Como os tratamentos de fertilidade impactam as taxas de nascimentos gêmeos?
Nos primeiros anos de utilização dos tratamentos de fertilidade, era comum transferir múltiplos embriões por ciclo, o que aumentava as chances de gestações múltiplas. Durante a década de 1990, as taxas de nascimentos múltiplos por fertilização in vitro chegaram a até 28%, enquanto a taxa natural é de cerca de 2%. Com o tempo, os riscos associados a gestações múltiplas, como o parto prematuro e complicações neonatais, levaram ao desenvolvimento de estratégias mais conservadoras, como a campanha “One at a Time”, que busca reduzir o número de embriões transferidos. Contudo, as taxas de nascimentos múltiplos em tratamentos de fertilidade ainda são bem mais altas do que em gestações naturais.
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Desafios enfrentados pelas famílias com gêmeos
Ter gêmeos ou trigêmeos é uma experiência emocionante, mas também envolve desafios consideráveis. Além dos riscos aumentados durante a gravidez e o parto, as famílias precisam lidar com custos extras, especialmente devido à necessidade de cuidados médicos adicionais e suporte durante o cuidado diário dos bebês. A taxa de complicações neonatais e natimortos é significativamente maior em gestações múltiplas, exigindo um acompanhamento pré-natal mais intenso e, muitas vezes, cuidados neonatais especializados.
Após o nascimento, os pais de múltiplos enfrentam o desafio de cuidar de mais de um bebê ao mesmo tempo, o que exige mais energia e dedicação. A falta de sono e o estresse físico e emocional são frequentes, principalmente quando há partos prematuros, como ocorre comumente em gestações de gêmeos e trigêmeos.
O futuro dos nascimentos múltiplos
Apesar da queda nas taxas gerais de fertilidade, as taxas de nascimentos múltiplos provavelmente continuarão a crescer. A maternidade tardia e os avanços nos tratamentos de fertilização assistida são fatores que indicam um aumento contínuo na proporção de nascimentos múltiplos. Além disso, a tendência é que países de baixa renda também experimentem aumentos nas taxas de nascimentos múltiplos até o final deste século.
Essa mudança demográfica reforça a necessidade de ajustar sistemas de saúde e políticas públicas para apoiar as famílias com múltiplos. Isso inclui o fortalecimento do acompanhamento pré-natal e o fornecimento de apoio extra nos cuidados com os bebês, garantindo que tanto as crianças quanto as famílias tenham as melhores condições possíveis para superar os desafios dessa experiência única.