O diabetes gestacional afeta muitas mulheres ao redor do mundo e tem uma incidência especialmente alta no Brasil. Estima-se que cerca de 37% das gestantes brasileiras desenvolvam essa condição, um número bem acima da média global de 16,2%. Apesar de temporário, o problema exige atenção para garantir o bem-estar da mãe e do bebê.
Essa condição surge quando os hormônios da placenta interferem na ação da insulina, dificultando o controle dos níveis de açúcar no sangue. Como resultado, a glicose se acumula, causando hiperglicemia. Embora, na maioria dos casos, o diabetes gestacional desapareça após o parto, a falta de controle durante a gravidez pode trazer complicações sérias.
Como funciona o exame de curva glicêmica?
O teste de curva glicêmica, chamado também de Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), é o principal exame para diagnosticar o diabetes gestacional. Normalmente, ele é realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez para avaliar como o corpo processa a glicose e detectar possíveis alterações.
O exame acontece em etapas. Primeiro, a gestante faz a coleta de sangue em jejum. Depois, ingere um líquido açucarado e, em seguida, passa por mais duas coletas de sangue: uma após uma hora e outra após duas horas. Para um resultado preciso, é recomendável manter uma alimentação rica em carboidratos nos dias que antecedem o exame e jejuar por pelo menos 8 horas antes da coleta inicial.
Novas tecnologias estão sendo estudadas para aprimorar o monitoramento dos níveis de glicose durante a gravidez, como os sensores contínuos, que permitem um acompanhamento mais detalhado da variação glicêmica ao longo do dia.

Interpretando os resultados
Os valores obtidos no teste são fundamentais para o diagnóstico. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, se a glicemia em jejum estiver entre 92 e 125 mg/dL, é necessário acompanhamento. Caso a medição uma hora após a ingestão de glicose seja igual ou superior a 180 mg/dL, ou a de duas horas fique em 153 mg/dL ou mais, confirma-se o diabetes gestacional.
Além disso, se a glicemia ultrapassar 200 mg/dL na fase final do teste após a 24ª semana, o diagnóstico é de diabetes na gestação, um quadro que demanda um acompanhamento ainda mais rigoroso.
A importância de um diagnóstico precoce
Identificar o diabetes gestacional o quanto antes é essencial para evitar complicações. Sem controle adequado, ele pode levar a problemas como crescimento excessivo do bebê, hipoglicemia neonatal e até riscos mais graves. Por outro lado, com um diagnóstico precoce, é possível adotar medidas como ajustes na alimentação e, em alguns casos, tratamento médico para garantir uma gestação saudável.
Acompanhar regularmente os níveis de glicose ajuda a evitar sobrecarga no organismo da mãe e possíveis impactos no desenvolvimento do bebê.
Embora passageiro, o diabetes gestacional exige cuidados especiais durante a gravidez. O exame de curva glicêmica tem um papel essencial na identificação do problema, permitindo intervenções que protegem tanto a mãe quanto o bebê. Com um controle adequado, a maioria das gestantes consegue manter os níveis de glicose equilibrados e ter uma gravidez tranquila.