Quando o assunto é gravidez, todo cuidado é pouco — ainda mais quando falamos sobre dengue. A doença, que volta a ganhar força em surtos sazonais no Brasil, pode ser um verdadeiro desafio durante a gestação. Isso porque o sistema imunológico da gestante fica naturalmente mais sensível, abrindo espaço para que o vírus se instale com mais facilidade e traga riscos sérios tanto para a saúde da pessoa grávida quanto para o bebê.
A preocupação é tão grande que estudos recentes mostraram um aumento expressivo nas chances de complicações, especialmente nos casos mais graves da dengue, como a forma hemorrágica. E, sim, esses dados assustam, mas é possível se proteger.
Quais são os sintomas de dengue durante a gravidez?
Identificar os sintomas de dengue é o primeiro passo para garantir um tratamento rápido e eficaz. O período de incubação do vírus (aquele tempo entre a picada do mosquito e o aparecimento dos sintomas) costuma variar entre 4 e 10 dias. Depois disso, os sinais mais comuns incluem:
- Febre alta que aparece de forma repentina
- Dor de cabeça e dor ao redor dos olhos
- Dores musculares e nas articulações
- Náusea, vômitos e diarreia
- Sensação de cansaço extremo
- Aparecimento de manchas vermelhas na pele
- Perda de apetite e maior sensibilidade ao toque
Por serem sintomas semelhantes aos de outras infecções virais — como zika e chikungunya —, pode ser necessário fazer exames de sangue para confirmar o diagnóstico. Ainda assim, o ideal é começar o tratamento dos sintomas o quanto antes, especialmente se você estiver em uma região com alto número de casos.
Tratamento da dengue durante a gestação
Não existe um medicamento específico para curar a dengue, e o tratamento durante a gravidez deve ser ainda mais cuidadoso. Normalmente, o foco é aliviar os sintomas com muito repouso, hidratação constante (oral ou até intravenosa) e o uso de paracetamol — sempre com orientação médica.
O acompanhamento é essencial: exames de sangue para checar a quantidade de plaquetas são feitos logo após o diagnóstico e precisam ser repetidos com frequência. Dependendo da evolução do quadro, pode ser necessário acompanhamento médico a cada 48 horas.
Nada de automedicação. Alguns remédios podem piorar o quadro, aumentando o risco de sangramentos. Então, só use o que for indicado pelo profissional de saúde.
Entenda os riscos da dengue na gravidez
Em casos mais graves, a dengue pode representar um risco alto à saúde da gestante e do bebê. Há chances de falência de órgãos, hemorragias e, infelizmente, aumento nas taxas de mortalidade materna. No caso do bebê, a infecção grave pode levar a complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e até alterações neurológicas.
Fique atenta aos sinais de agravamento:
- Dor abdominal intensa
- Vômitos persistentes
- Inchaço ou acúmulo de líquidos
- Sangramentos
- Convulsões ou alterações no comportamento
Se qualquer um desses sinais aparecer, é hora de procurar atendimento médico imediatamente.

Como prevenir a dengue durante a gestação
A melhor forma de lidar com a dengue na gravidez é evitando o contágio. E isso começa com algumas atitudes simples, mas super eficazes:
Use o repelente certo
Sim, grávidas podem (e devem) usar repelente! Os mais indicados são os que têm icaridina, DEET ou IR3535 na fórmula. Aplique sempre por último — depois do hidratante e do protetor solar — e, se estiver usando roupas muito finas, passe uma camada por cima do tecido também.
Cuide do ambiente
Mosquito da dengue gosta mesmo é de água limpa parada. Por isso, nada de deixar recipientes descobertos, pratinho de planta com água, calhas entupidas ou qualquer cantinho que possa virar criadouro do Aedes aegypti.
Aposte em roupas adequadas
Peças que cubram bem o corpo ajudam a manter os mosquitos afastados. E tem mais: eles são atraídos por cores escuras, como preto, azul e vermelho. A dica é investir em roupas claras e confortáveis, que cubram braços e pernas.
Proteja sua casa
Tela nas janelas, portas com vedação e até mosquiteiros são bem-vindos! Outra dica é deixar o ar circular depois de usar inseticidas — isso também ajuda a afastar os mosquitos de casa.
E se já tive dengue?
Infelizmente, ter tido a doença uma vez não garante proteção para sempre. Existem quatro tipos diferentes do vírus, e uma nova infecção pode até ser mais perigosa do que a primeira. Por isso, continue com os cuidados mesmo depois de ter se recuperado.
E quanto à vacina?
A vacina atual contra a dengue é feita com o vírus atenuado, o que significa que ela não é indicada para grávidas, seja no sistema público ou privado de saúde. A prevenção, nesse caso, continua sendo a sua melhor aliada.
Posso continuar amamentando?
Se você está com dengue e ainda está amamentando, pode ficar tranquila. Não é necessário interromper o aleitamento, já que não há evidências de transmissão do vírus pelo leite. Aliás, manter a hidratação da mãe é essencial também para o bem-estar do bebê.