A rotina da família Smith mudou completamente desde fevereiro de 2025. Adriana, de 26 anos, foi levada ao hospital depois de sentir uma dor de cabeça intensa, mas o que parecia ser algo comum acabou se revelando um cenário trágico: ela sofreu um acidente vascular cerebral causado por coágulos no cérebro e, em seguida, teve a morte cerebral confirmada.
Naquele momento, Adriana estava no início da gestação, com apenas nove semanas. Desde então, sua vida está sendo sustentada por aparelhos para dar ao bebê, que já recebeu o nome de Chance. O caso, que vem comovendo os Estados Unidos, acontece na Geórgia, estado onde as leis sobre aborto são extremamente restritas.
Decisão nas mãos do Estado
A família de Adriana afirma que não pôde escolher se seguiria ou não com a gestação. Pela legislação local, mesmo após o diagnóstico de morte cerebral, o suporte de vida não pode ser interrompido se houver um feto em desenvolvimento. “Queremos o bebê. Ele faz parte da minha filha. Mas a decisão deveria ter sido nossa, não do estado”, disse April Newkirk, mãe de Adriana, em entrevista ao canal 11Alive.
Chance, agora com 22 semanas de gestação, está se desenvolvendo melhor do que os médicos poderiam esperar. Segundo a avó, ele tem batimentos cardíacos fortes, já formou os dedos das mãos e dos pés, e está crescendo acima da média para a idade gestacional. Enquanto isso, Adriana recebe alimentação por via intravenosa e medicamentos para ajudar na formação saudável do bebê.

Viver o luto e nutrir a esperança ao mesmo tempo
Internada no Hospital Universitário Emory Midtown, em Atlanta, Adriana permanece sob monitoramento constante. A expectativa dos médicos é realizar uma cesariana por volta de agosto, caso o estado clínico da mãe continue estável o suficiente para suportar a gestação até esse período.
A família enfrenta um dos momentos mais delicados de suas vidas: lidar com a ausência de Adriana, ao mesmo tempo em que acompanha de perto a possibilidade de uma nova vida. “Toda vez que vamos vê-la, sofremos. E sofremos”, desabafa April. “O processo de luto nem pode começar porque ela está simplesmente deitada ali.”
Para ajudar com os custos do hospital e outras despesas, uma vaquinha virtual foi criada. Os familiares se revezam entre visitas, cuidados com a burocracia e a preparação para receber Chance com acolhimento e carinho, não importa quais sejam as condições em que ele venha ao mundo.
Entre leis, fé e amor por um bebê que ainda não nasceu
O caso de Adriana e Chance gerou discussões sobre os limites da autonomia familiar e os dilemas éticos em torno da gestação em situações extremas. Embora o procurador-geral da Geórgia, Chris Carr, tenha afirmado que a lei estadual não obriga a manutenção do suporte de vida em casos de morte cerebral, a família relata que não foi apresentada a outras possibilidades viáveis no momento da internação.
Mesmo em meio a tantos desafios e à dor da perda, o amor por Chance se fortalece a cada dia. “Neste momento, a jornada é para que o bebê Chance sobreviva, e, independentemente das condições em que Deus permitir que ele venha para cá, nós o amaremos da mesma forma”, afirmou April, emocionada.
Enquanto a discussão legal continua, o que permanece evidente é a força de uma família que, mesmo atravessando o luto, se apega ao coração que ainda pulsa no ventre de Adriana.