Um estudo recente trouxe um alerta importante para quem está grávida ou pensando em engravidar: ter tido COVID-19 antes ou durante o início da gestação pode aumentar significativamente o risco de aborto espontâneo. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da UTHealth Houston, analisou cerca de 27 mil gestações entre 2019 e 2023, e revelou que o risco de perda gestacional antes da 20ª semana pode ser até três vezes maior em pessoas infectadas pelo vírus.
Os dados foram coletados a partir de prontuários eletrônicos e ainda incluíram informações sobre gestações ectópicas e partos prematuros. Apesar de preocupante, o estudo ajuda a entender melhor os impactos da COVID na saúde reprodutiva e no desenvolvimento da gestação, especialmente no primeiro trimestre.
O que o estudo descobriu sobre aborto espontâneo e COVID-19
Entre os dados levantados, um ponto chamou atenção: mesmo que o percentual total de abortos espontâneos observados tenha sido de 6% (menor que os 15% estimados em gestações em geral), o risco aumentou significativamente entre as pessoas que tiveram COVID-19.
Segundo os pesquisadores, quem teve COVID moderada ou grave antes de engravidar teve uma chance 2,81 vezes maior de passar por um aborto espontâneo. Se a infecção aconteceu já nos primeiros meses da gravidez, esse risco ainda era 2,45 vezes maior em comparação com quem não teve a doença.
Como a pesquisa foi realizada
O estudo comparou grupos com e sem diagnóstico de COVID-19, observando o histórico de abortos e outros desfechos. A taxa de aborto no estudo ficou abaixo da média global, mas especialistas alertam que muitas perdas ocorrem antes mesmo de a gestação ser confirmada. Por isso, esses números podem não representar o quadro completo.
Outros fatores como idade avançada, histórico médico e até questões raciais e sociais também foram apontados como influências importantes no risco de aborto. Pessoas negras, hispânicas e com condições de saúde pré-existentes, por exemplo, enfrentam maiores vulnerabilidades.
Por que a COVID pode aumentar o risco de aborto
Durante a gravidez, o corpo passa por várias mudanças para acolher o desenvolvimento do bebê, incluindo alterações no sistema imunológico. Quando há infecção por COVID-19, a resposta inflamatória gerada pode afetar a placenta e até prejudicar a oxigenação do feto.
Além disso, quadros graves da doença podem causar febres altas, já conhecidas por aumentarem o risco de perda gestacional. Em situações mais severas, a função da placenta pode ser comprometida, colocando em risco o bom andamento da gravidez.

Importância da vacinação e cuidados durante a gestação
Uma das principais mensagens do estudo é a importância da vacinação. Estar com as doses em dia pode ajudar a reduzir o risco de infecção e, consequentemente, os impactos negativos na gravidez.
Quem já está grávida ou pretende engravidar deve conversar com seu obstetra sobre a imunização contra COVID-19 e outras vacinas recomendadas, como a da gripe e a da coqueluche. A vacinação protege não só quem está gestando, mas também o bebê, que recebe anticorpos importantes nas primeiras semanas de vida.
Outros fatores que influenciam o risco de aborto
Mesmo antes da pandemia, o risco de aborto já estava ligado a fatores como idade acima de 35 anos, pressão alta, diabetes e estresse socioeconômico. A infecção por COVID-19 acaba funcionando como um agravante para esses fatores, aumentando ainda mais a necessidade de acompanhamento e cuidados médicos.
Além disso, hábitos como fumar, consumir bebidas alcoólicas ou ter doenças crônicas descontroladas também elevam os riscos. No entanto, é importante lembrar que cerca de 50% dos abortos no primeiro trimestre são causados por alterações genéticas no feto, e isso está fora do controle da gestante.
Como reduzir os riscos e cuidar da saúde durante a gravidez
Embora nem todos os abortos possam ser evitados, é possível adotar medidas para ter uma gravidez mais saudável:
- Priorize o pré-natal desde o início;
- Informe ao seu médico sobre qualquer exposição ou sintoma de COVID-19;
- Atualize suas vacinas conforme orientação médica;
- Mantenha doenças crônicas sob controle;
- Alimente-se bem, descanse, hidrate-se e tome vitaminas recomendadas;
- Evite substâncias tóxicas e ambientes com fumaça, produtos químicos e álcool;
- Procure apoio emocional, especialmente em casos de perda gestacional.
O que fazer se contrair COVID-19 na gravidez
Se o teste der positivo durante a gravidez, procure seu médico imediatamente. Mesmo com todos os cuidados, pegar COVID-19 durante a gestação não significa automaticamente que algo dará errado. O mais importante é manter o acompanhamento médico, tirar dúvidas e seguir orientações personalizadas.