A maternidade após os 40 anos apresenta desafios significativos para muitas mulheres, especialmente quando o assunto é o aumento do risco de aborto espontâneo. De acordo com especialistas, as chances de uma gestação espontânea terminar em aborto no primeiro trimestre chegam a 40% para mulheres dessa faixa etária. No entanto, avanços na medicina reprodutiva, como a fertilização in vitro (FIV), podem ser uma solução eficaz para superar essas dificuldades e aumentar as chances de uma gravidez saudável.
Como a idade influencia o risco de aborto?
A fertilidade feminina diminui com a idade, e isso impacta diretamente nas chances de gravidez e na saúde do embrião. Segundo o Dr. Rodrigo Rosa pai de Giovanna e Rafael, especialista em reprodução humana, diretor clínico da clínica Mater Prime e colunista da Pais&Filhos, a principal razão para o aumento do risco de aborto após os 40 anos é a alteração cromossômica nos óvulos. “Quando a mulher engravida após essa idade, as chances de o embrião apresentar alterações cromossômicas são muito maiores, o que aumenta a probabilidade de aborto espontâneo”, explica.
O processo de envelhecimento dos óvulos está relacionado ao aumento de anomalias genéticas, o que, em muitos casos, resulta em embriões com número de cromossomos anormal. “Óvulos mais velhos tendem a ter mais cromossomos do que o necessário, o que impede a implantação ou leva ao aborto espontâneo”, esclarece o Dr. Rodrigo. Por isso, o acompanhamento médico se torna ainda mais importante, principalmente para mulheres que desejam engravidar após os 40 anos.
A Fertilização In Vitro como alternativa para reduzir o risco
A Fertilização In Vitro (FIV) é uma das alternativas mais eficazes para mulheres acima de 40 anos que enfrentam dificuldades para engravidar de forma espontânea. Na FIV, os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório, e o embrião resultante é transferido para o útero. Esse processo permite um controle maior sobre a qualidade do embrião, o que reduz o risco de abortos espontâneos causados por anomalias cromossômicas.
O Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da Neo Vita, destaca que a FIV, especialmente em casos de aborto de repetição, pode ser associada a testes genéticos como o PGT-A (teste genético pré-implantacional). Esse teste permite identificar doenças cromossômicas e selecionar embriões saudáveis, o que aumenta consideravelmente as chances de uma gestação bem-sucedida. “A FIV com teste genético oferece uma chance muito maior de evitar abortos e condições graves no bebê”, afirma o Dr. Fernando.

Ovodoação: uma opção para mulheres mais velhas
Para mulheres acima dos 40 anos que não congelaram óvulos em idades mais jovens, a ovodoação pode ser uma opção viável. Na ovodoação, os óvulos de uma doadora jovem são utilizados para fertilizar o espermatozoide do parceiro ou de um doador. Isso melhora significativamente as chances de sucesso da FIV, independentemente da idade da mulher que receberá os óvulos.
“Quando usamos óvulos doados, as chances de uma gestação bem-sucedida aumentam, já que a qualidade dos óvulos é um fator determinante no sucesso do processo”, afirma o Dr. Rodrigo Rosa. No entanto, é importante lembrar que, mesmo com óvulos doados, não é recomendado que a gravidez ocorra após os 50 anos, devido ao aumento de riscos para a saúde da mãe, como pressão alta, diabetes gestacional e maior chance de parto prematuro.
O processo de Fertilização In Vitro e o acompanhamento médico
O processo de FIV é cuidadosamente monitorado e inclui etapas como a estimulação ovariana, coleta de óvulos e fertilização em laboratório. Após a transferência do embrião para o útero, o acompanhamento médico é fundamental. Um simples exame de sangue ou até um teste de gravidez caseiro pode confirmar se a gestação foi bem-sucedida.
Após a confirmação da gravidez, é importante que a gestante mantenha um acompanhamento contínuo. “Apesar de as taxas de aborto serem menores com FIV e óvulos doados, ainda assim é fundamental cuidar da saúde materna e evitar complicações”, alerta o Dr. Fernando Prado. Além disso, hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada e a verificação de níveis de vitamina D, podem impactar positivamente a gestação, prevenindo rejeições ou falhas na implantação do embrião.