Planejar uma gravidez vai muito além de escolher nomes ou montar o enxoval. Quando falamos em saúde reprodutiva, algumas questões genéticas podem ter um peso enorme — e foi isso que trouxe o tema à tona após o relato da atriz Mariana Rios. Durante seu processo de fertilização in vitro (FIV), ela descobriu uma incompatibilidade genética com o parceiro, o que aumentava os riscos de doenças hereditárias e de aborto espontâneo.
Mas afinal, o que significa essa tal de incompatibilidade genética? E como é possível saber se esse risco existe? A ciência tem avançado, e hoje existem testes que ajudam a prever (e até evitar) problemas relacionados ao DNA antes mesmo da gravidez acontecer.
Como os testes genéticos ajudam no planejamento da gravidez
Com a chegada das tecnologias de nova geração (conhecidas como NGS), os testes genéticos se tornaram mais acessíveis e precisos. A empresa Thermo Fisher Scientific, uma referência mundial no setor, desenvolveu soluções que conseguem identificar milhares de variantes genéticas de uma só vez, tudo isso com alto nível de precisão.
Entre os exames disponíveis, está o carrier screening, ou triagem de portadores. Ele investiga se o casal carrega mutações recessivas em um mesmo gene. Isso é importante porque, mesmo sem apresentar sintomas, os dois podem ser portadores silenciosos de condições que, combinadas, podem afetar a saúde dos filhos.
“Hoje, com as tecnologias moleculares de sequenciamento, é possível identificar alterações genéticas que podem levar a doenças hereditárias, muitas delas de alta complexidade de tratamento. Os testes genéticos realizados em portadores de mutações ou diretamente no embrião oferecem aos casais informações fundamentais para tomar decisões conscientes sobre a reprodução e a saúde dos futuros filhos”, explica Beatriz Pinto, gerente da área de NGS da Thermo Fisher Scientific.

Para quem faz fertilização in vitro, a tecnologia vai além
Para os casais que recorrem à fertilização in vitro, existe ainda o Teste Genético Pré-implantacional para Doenças Monogênicas (PGT-M). Esse exame permite analisar os embriões antes mesmo da implantação no útero, selecionando aqueles que não carregam determinadas mutações. Isso ajuda a evitar doenças como fibrose cística ou anemia falciforme, por exemplo.
Ou seja: a ciência permite que casais escolham os embriões com maior chance de uma gestação saudável, o que reduz bastante os riscos envolvidos nesse processo.
Mudanças no perfil familiar reforçam a importância dos testes
Outro ponto que merece atenção é o aumento da idade média das mulheres na hora de engravidar. De acordo com o IBGE, entre 2010 e 2022, o número de gestações entre mulheres com mais de 40 anos subiu mais de 65%. Esse novo perfil de famílias mostra como é essencial contar com recursos que ajudem a tomar decisões seguras, e a genética entra como uma grande aliada nesse cenário.
“O número de doenças monogênicas descritas já ultrapassa as 8 mil. Incorporar essa tecnologia desde o planejamento familiar é um passo importante para ampliar as chances de uma gestação saudável, reduzir riscos e oferecer mais tranquilidade aos futuros pais”, afirma Juliana Garcia, doutora em biologia molecular e gerente de contas clínicas da Thermo Fisher Scientific.
A ciência como ferramenta de tranquilidade
É natural que o desejo de formar uma família venha acompanhado de dúvidas e receios. Mas ter acesso a informações confiáveis e ferramentas de apoio pode fazer toda a diferença. Os testes de sequenciamento genético não garantem certezas absolutas — afinal, cada gestação é única, mas são aliados para quem deseja tomar decisões mais conscientes e seguras.
Entender o próprio corpo, saber quais os riscos envolvidos e, principalmente, contar com o apoio da ciência nesse processo, pode ajudar muito a tornar o caminho até a chegada de um filho mais leve e tranquilo. E como dizem os especialistas, informação é poder, especialmente quando se trata de planejar o futuro de uma nova vida.