O trabalho de parto é um daqueles momentos da vida que mistura ansiedade, expectativa e uma dose extra de paciência. Mas e quando o processo parece não evoluir? É comum que, mesmo com contrações regulares, a dilatação do colo do útero não chegue aos 10 centímetros necessários para o nascimento. Nessas horas, algumas estratégias podem ser adotadas para ajudar no processo .
Antes de tudo, é importante lembrar que o trabalho de parto costuma ser demorado mesmo. Se a grávida e o bebê estiverem bem, não há motivo para acelerar o ritmo só por ansiedade. No entanto, se as contrações estiverem acontecendo há mais de quatro horas e a dilatação não tiver passado de dois centímetros, a equipe médica pode considerar alguma intervenção. Tudo isso, claro, com diálogo e participação da família.
Técnicas naturais para ajudar o parto a evoluir
Quando o parto parece devagar, o primeiro passo é tentar alternativas naturais e não invasivas. Além de serem menos arriscadas, elas respeitam o ritmo do corpo e ajudam a manter o bem-estar da grávida. Algumas dessas técnicas incluem:
- Ficar de pé e se movimentar, ou até arriscar uma dancinha se o corpo permitir.
- Esvaziar a bexiga com frequência, já que uma bexiga cheia pode dificultar a descida do bebê.
- Trocar de posição várias vezes, sempre buscando mais conforto.
- Fazer movimentos com o quadril, agachar ou inclinar-se para a frente durante as contrações. Uma bola de ginástica pode ser uma ótima aliada nessa hora.
- Entrar no chuveiro ou em uma banheira, se houver disponibilidade.
- Caso o bebê esteja virado de costas para a gestante, mudar de posição (como deitar de lado ou ficar de quatro) pode ajudar a colocá-lo em uma posição mais favorável para o nascimento.
Essas estratégias podem não só acelerar o processo, como também ajudar a aliviar desconfortos comuns durante o trabalho de parto.
Intervenções médicas para acelerar o parto
Se, mesmo com todos esses movimentos e posições, o parto continuar lento, a equipe médica pode propor métodos mais invasivos. Entre eles, dois são bastante comuns:
Rompimento artificial da bolsa
Se a bolsa ainda estiver intacta, é possível que o profissional de saúde opte por rompê-la artificialmente. Isso não deve ser feito logo no início das contrações, pois há risco de infecção. Além disso, se a cabeça do bebê ainda estiver alta, o procedimento pode representar risco ao cordão umbilical.
Esse rompimento é feito com um instrumento fino, parecido com uma agulha de tricô. Apesar de não ser doloroso, já que a bolsa não tem terminações nervosas, pode ser desconfortável. Após o rompimento, o líquido amniótico é examinado, o que ajuda a identificar sinais de sofrimento fetal, como a presença de mecônio (as fezes do bebê).

As contrações geralmente ficam mais intensas depois disso. Por isso, vale estar preparada para respirar fundo, buscar técnicas de relaxamento ou até solicitar alívio para a dor, caso seja necessário.
Ocitocina via soro
Outra intervenção possível é a administração de ocitocina sintética por via intravenosa. Esse hormônio estimula as contrações, tornando-as mais frequentes e fortes. Junto com isso, a gestante passa a ser monitorada com um exame chamado cardiotocografia, que acompanha os batimentos do bebê e a intensidade das contrações.
Antes de usar o hormônio, é importante avaliar se há algum risco de desproporção entre a cabeça do bebê e a pelve da gestante. E, caso as contrações fiquem excessivamente fortes, é essencial suspender a medicação para proteger o bebê.
Duração do trabalho de parto: cada corpo tem seu tempo
A fase ativa do trabalho de parto costuma começar quando a dilatação chega a quatro centímetros e as contrações ficam regulares e doloridas. Em média, essa fase dura cerca de oito horas, mas pode variar bastante. Algumas mulheres já sentem contrações intensas mesmo antes disso, nos chamados pródromos, o que pode dar a impressão de um trabalho de parto mais longo.
Quem já teve um parto normal, em geral, pode ter um segundo trabalho de parto mais rápido. Mas é sempre bom reforçar: mais rápido nem sempre significa melhor. Partos acelerados demais podem causar desconfortos e até complicações, como lacerações no períneo.
O mais importante é saber o que está acontecendo, confiar na equipe e manter uma comunicação clara. Isso ajuda a segurar a ansiedade e tornar a chegada do bebê um momento mais tranquilo e seguro para todos.