Você começou a perceber que suas pernas estão cada vez mais inchadas? Que mesmo com todos os cuidados, aquele desconforto insistente não passa? E mais: que o inchaço não está só aumentando, mas também trazendo dor, hematomas e uma sensação de peso difícil de ignorar?
Calma, isso pode ter nome – e não é só “coisa da gravidez”.
Embora seja comum associar inchaço, cansaço e variações no corpo à gestação, em alguns casos o corpo está dando sinais de algo mais específico: o lipedema, uma condição ainda pouco falada, mas que pode aparecer ou se intensificar justamente nesse período de tantas mudanças hormonais.
Quando o corpo dá pistas que merecem atenção
O lipedema é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, especialmente nas pernas e quadris – e não tem nada a ver com o ganho de peso típico da gravidez. Ele vem acompanhado de dor, aumento de volume localizado e, em muitos casos, hematomas espontâneos.
Segundo a cirurgiã plástica Dra. Juliana Tenorio, referência no assunto, “durante esse período [gestação], as alterações hormonais favorecem o acúmulo de gordura em áreas específicas do corpo e podem aumentar a fragilidade dos vasos sanguíneos, contribuindo para a formação de hematomas e o agravamento dos sintomas em regiões já afetadas”.
E tem mais: como a retenção de líquidos é frequente durante a gravidez, mulheres com lipedema sentem esse efeito de forma ainda mais intensa. “Esse acúmulo excessivo de líquidos pode aumentar a pressão nos tecidos, intensificar a inflamação local e agravar a sensação de dor e peso nas pernas”, explica a médica.

Não é só inchaço: entenda as diferenças
Ao contrário do inchaço comum, que costuma afetar o corpo de forma mais uniforme, o lipedema tem padrões bem definidos. O volume aumenta de forma simétrica, principalmente nos membros inferiores, e vem junto com uma dor constante, que piora ao toque.
Identificar esses sinais logo no início faz toda a diferença. Quanto antes diagnosticado, maiores são as chances de controlar os sintomas e evitar complicações no pós-parto.
Estratégias que ajudam – mesmo durante a gravidez
Embora o tratamento definitivo, como a cirurgia, só possa ser considerado meses após o parto, existem sim maneiras de aliviar o desconforto e cuidar do corpo durante a gestação:
- Meias de compressão: ajudam na circulação e reduzem o inchaço.
- Exercícios leves, como caminhada e alongamentos, podem melhorar a mobilidade e diminuir a dor.
- Drenagem linfática especializada, feita com orientação médica, pode ajudar a reduzir a retenção de líquidos.
- Alimentação anti-inflamatória: cortar o excesso de sal e açúcar pode aliviar os sintomas.
“Essas medidas não curam a doença, mas ajudam a aliviar os sintomas e desacelerar sua progressão”, aponta a especialista.
E depois do nascimento do bebê?
Passada a fase mais intensa da gestação, o acompanhamento continua sendo fundamental. “Trata-se de uma condição crônica que demanda acompanhamento contínuo, inclusive fora do período gestacional. Seis meses após o parto, a cirurgia pode ser considerada uma opção de tratamento”, explica a Dra. Juliana.