A manobra de Kristeller é um procedimento obstétrico utilizado em determinadas situações durante o trabalho de parto. Consiste na aplicação de pressão externa sobre o abdômen da gestante, com o objetivo de acelerar a saída do bebê. No entanto, essa prática é amplamente desencorajada e até proibida por várias organizações de saúde, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil.
Embora tenha sido amplamente utilizada no passado, atualmente a manobra é considerada violência obstétrica por muitos especialistas. Esse reconhecimento se dá devido aos riscos e complicações associados, tanto para a mãe quanto para o bebê, que podem ser graves.
Quais são os riscos associados à Manobra de Kristeller?
Os riscos envolvidos na aplicação da manobra de Kristeller podem ser significativos. Para a mãe, a pressão excessiva pode causar fraturas nas costelas, inversão ou deslocamento uterino e até ruptura de órgãos, como o baço e o fígado. Além disso, existe um aumento considerável no risco de hemorragias graves e lacerações.
No que se refere ao bebê, a prática pode resultar em lesões e traumatismos, comprometendo seriamente a saúde neonatal. Isso expõe tanto a mãe quanto o bebê a um cenário desnecessário de perigo e sofrimento durante o parto.
Por que a violência obstétrica deve ser denunciada?
A violência obstétrica engloba uma série de práticas abusivas que podem ocorrer durante o atendimento à mulher no parto. Este termo abrange não apenas procedimentos como a manobra de Kristeller, mas também outras ações não autorizadas, como episiotomias desnecessárias, omissão no alívio da dor, e maus-tratos verbais e físicos.
No Brasil, estima-se que cerca de 25% das mulheres já sofreram algum tipo de violência obstétrica. É fundamental que as mulheres denunciem essas práticas, caso ocorram, para promover mudanças no sistema de saúde e garantir um tratamento humanizado e respeitoso. As denúncias podem ser feitas por meio de canais como o Disque 136 e o Disque 180, oferecendo suporte e meios para que casos assim sejam devidamente tratados.

O que pode ser feito para evitar a Manobra de Kristeller?
Uma das principais formas de prevenir a aplicação de manobras invasivas e indesejadas durante o parto é por meio da elaboração de um plano de parto. Este documento permite que as gestantes expressem suas preferências e escolhas, garantindo que essas sejam conhecidas e respeitadas pela equipe médica.
O plano de parto pode incluir decisões sobre mobilidade durante o trabalho de parto, acompanhamento, alimentação, além de preferências sobre análises e outros procedimentos médicos. Ter uma rede de apoio informada e preparada também é crucial para assegurar que as vontades da gestante sejam ouvidas e respeitadas.
Como garantir um parto seguro e respeitoso?
Garantir um parto seguro e respeitoso requer, em primeiro lugar, a escolha de profissionais de saúde comprometidos com práticas humanizadas. Informação e educação sobre direitos durante o parto são fundamentais para que a gestante se sinta empoderada e ciente dos procedimentos adequados.
Além disso, manter uma comunicação aberta e clara com a equipe médica pode fazer a diferença no momento do parto. Isso inclui questionar procedimentos, buscar segundas opiniões e, se necessário, promover denúncias para melhorar o atendimento obstétrico como um todo.