Apesar de pouco comentado, o “calombo” que se forma nas costas da grávida momentos antes do parto natural pode ser algo bastante chocante de se ver. Alto e em forma de losango, localizado bem na região da lombar, esse sinal costuma surpreender quem não o conhece – mas a gente te explica o que essa mudança significa e como ela é capaz de ajudar as mães.
Dr. Igor Padovesi, pai de Beatriz, Guilherme e Cecília, colunista da Pais&Filhos, ginecologista e obstetra, explica que esse caroço é chamado de Polígono de Michaelis, ou Losango de Michaelis, na verdade trata-se de uma estrutura anatômica. “Ela [a estrutura] envolve as vértebras inferiores da coluna lombar, o osso sacro e os ligamentos da região, e é uma área que sofre modificações e que se molda durante a segunda fase do trabalho de parto, que é a fase de dilatação durante a descida do bebê”, esclarece o obstetra.
O doutor ainda afirma que o polígono faz parte da modificação das estruturas ósseas do corpo da mulher para que o bebê consiga sair no parto natural. Ele explicou, de forma técnica, que trata-se da acomodação da região baixa lombar e do osso sacro da bacia para que o bebê passe. “Por isso, proporciona aumento do espaço para a passagem da criança, além de sinalizar para a equipe o estágio do parto e como está a descida do bebê”.
Não precisa ter medo
Mesmo sendo algo que ajuda o corpo da mulher a se adequar e se preparar para o nascimento do filho, quem vê o Polígono de Michaelis se formando nas costas da gestante costuma ficar aflito. Mas o obstetra diz que não é algo que possa causar dor na gestante ou qualquer outra lesão.
A consultora de amamentação e doula Isabela Bacchi complementa dizendo que a dor não acontece por conta de hormônios que favorecem a formação do polígono.
“Apesar da dor durante o trabalho de parto variar de pessoa para pessoa, a maior parte dos relatos é de que a sensação é das costas se abrindo’, como se estivesse acontecendo uma movimentação, uma acomodação do corpo para dar passagem ao bebê. Não causa lesão, já que o corpo está inundado de hormônios que favorecem essa movimentação da parte óssea e ligamentar. A relaxina, por exemplo, afrouxa as articulações e os ligamentos para permitir que a pélvis se expanda”, explica ela.
Apesar de não causar fortes dores, pode causar certo desconforto. Como doula, Isabela diz que pode fazer uso de algumas ferramentas não farmacológicas para aliviar esse sintoma, como movimentação e reposicionamento da lombar, uso de chuveiro e banheira com água morna, massagem, aromaterapia e até técnicas de respiração.
As costas voltam ao normal quase imediatamente após o nascimento do bebê, por isso, também essa alteração no corpo não deve ser uma preocupação. Isabela também conta que o Polígono de Michaelis aparece apenas na fase final do trabalho de parto, e às vezes fica por poucos minutos depois do nascimento.
Seu corpo está preparado para isso
Vale ressaltar que todas as gestantes passam por essa modificação no corpo, porém, nem sempre é visível. “Todas as grávidas que passarem pelo trabalho de parto e tiverem o parto vaginal irão experienciar o afrouxamento ligamentar e articular e a abertura da pelve, mas não necessariamente apresentarão a forma de losango visível”, afirma Isabela.
Para a doula, essa curiosidade assim como outras informações sobre o corpo da mulher não são muito conhecidas porque antigamente essas mudanças não eram valorizadas e nem informadas para as mães.
Além disso, ela considera esses fatos importantes, já que mesmo sendo uma mudança “simples” do corpo, quanto mais informada a gestante estiver, mais segura e confortável ela estará para passar por esse momento.
“Cada vez mais vemos profissionais relacionados à gestação e parto, como doulas, enfermeiras obstetras e obstetrizes, obstetras, fisioterapeutas, entre outros, difundindo informações interessantes e importantes sobre a fisiologia do parto. Por isso é fundamental que a gestante se cerque de profissionais atualizados e interessados em passar informações de qualidade que darão suporte para uma gestação mais saudável e confortável”.
