Muitas mulheres enfrentam obstáculos na hora de engravidar, e os motivos são variados: idade, condições genéticas ou problemas de saúde. Mas a boa notícia é que a medicina reprodutiva está cada vez mais avançada. Uma das soluções é o compartilhamento de óvulos, uma técnica que permite que uma mulher ajude outra a realizar o sonho da maternidade.
Segundo o ginecologista e especialista em reprodução humana, Dr. Vamberto Maia Filho, “o compartilhamento de óvulos é uma forma de solidariedade que abre portas para quem não consegue gerar óvulos saudáveis por conta própria”.
Afinal, como isso acontece?
Esse processo acontece dentro do tratamento de fertilização in vitro (FIV). A mulher que vai doar os óvulos passa por uma estimulação hormonal para que seus ovários produzam mais óvulos do que o normal. Depois disso, esses óvulos são coletados em um procedimento simples e, em laboratório, são fertilizados com o espermatozoide, que pode ser do parceiro da receptora ou de um doador.
Depois da formação dos embriões, eles são transferidos para o útero da mulher que vai engravidar, já preparada hormonalmente para receber o embrião.

Para quem é indicado?
Essa alternativa é especialmente indicada para mulheres que, por alguma razão, não conseguem usar seus próprios óvulos. Pode ser por menopausa precoce, falência ovariana, doenças genéticas ou até tratamentos como quimioterapia.
Dr. Vamberto explica que essa técnica tem excelentes resultados: “É uma das práticas mais eficazes dentro da medicina reprodutiva, podendo alcançar até 60% de sucesso por tentativa, dependendo das condições clínicas da receptora”.
Quem pode doar?
Existem algumas regras a serem seguidas. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a doadora precisa ter até 37 anos, estar em bom estado de saúde, e não apresentar histórico de doenças genéticas ou infecciosas. As doações podem ser anônimas ou acontecer dentro de programas de doação compartilhada, onde a mulher que também faz FIV doa parte dos óvulos para reduzir os custos do seu próprio tratamento. É uma troca justa e cheia de empatia.
Existe vínculo genético? E o lado emocional?
São candidatas as receptoras aquelas que não podem usar seus próprios óvulos — seja por causa da idade, de tratamentos anteriores, ou por condições médicas que impedem a formação de embriões saudáveis. O importante é que estejam saudáveis para a gestação e preparadas para receber um embrião.
Essa é uma dúvida comum: “Vou me sentir mãe mesmo sem ter o DNA do bebê?” A resposta dos especialistas é um grande sim! Dr. Vamberto reforça: “O vínculo entre mãe e filho vai muito além da genética. A mulher que gera tem papel essencial no desenvolvimento do bebê e até na expressão dos genes”. Além disso, há todo um processo de acolhimento emocional nas clínicas de fertilidade para ajudar as futuras mães nesse caminho.
Regras e cuidados legais
Embora o Brasil ainda não tenha uma lei específica sobre o tema, o procedimento é regulado pelo CFM. Entre os principais pontos estão o sigilo entre doadora e receptora e a proibição da comercialização de óvulos.
Outro detalhe interessante é que as doadoras são escolhidas com base em características físicas semelhantes às da receptora — como cor da pele, olhos e tipo de cabelo, para manter uma certa compatibilidade estética.