Por mais que ainda exista muito tabu por trás desse assunto, o sexo vai muito além do que é considerado tradicional e não deve ser visto como algo focado simplesmente na reprodução humana. Diferente do que é ensinado para muitas pessoas, ele é uma ferramenta de autoconhecimento e fortalecimento de vínculos entre as pessoas, além de ser uma prática prazerosa e que também faz bem para a saúde.
E, falando em autoconhecimento e prazer, outro ponto que é pouco falado sobre o sexo – e que ainda tem muito preconceito e falta de informação ao redor do assunto – é a prática do sexo anal. É aquela história: todo mundo sabe que existe. Tem quem tenha tentado e gostado, e quem preferiu não colocá-lo na rotina.
Posso engravidar praticando sexo anal?
É fato de que essa prática não deveria ser mais tratada como um tabu. De acordo com um estudo feito por duas pesquisadoras do Reino Unido, e que foi publicado em agosto pelo periódico científico The BMJ, o sexo anal entre casais heterossexuais com idades entre 16 e 24 anos aumentou de 13% para 29% nas últimas décadas no país – e, justamente por isso, trazer informações sobre o assunto é fundamental. Uma das dúvidas que ainda rodeiam essa prática é a seguinte: é possível engravidar praticando sexo anal?
“Não, é impossível porque não há comunicação direta entre o canal anal e os órgãos reprodutivos femininos”, explica o Dr. Igor Padovesi, ginecologista e obstetra, pai de Beatriz, Guilherme e Cecília, e colunista da Pais&Filhos. No entanto, o especialista levanta um alerta, já que a prática exige diversos cuidados pensando na saúde ginecológica da mulher.
“Acho importante destacar que não é recomendado ter penetração vaginal depois da anal porque isso pode levar bactérias de um lugar pra outro, e pode desencadear corrimentos e infecções. E, apesar de não engravidar, o sexo anal pode transmitir doenças sexualmente transmissíveis, então é recomendado sempre usar preservativo”, orienta o ginecologista e obstetra.
Outra dúvida comum relacionada à prática do sexo anal com a gravidez é caso aconteça ejaculação durante a relação. Mesmo que o sêmen escorra, dr. Igor Padovesi explica que é muito difícil que a mulher engravide porque, para isso acontecer, seria preciso que o conteúdo entrasse no canal vaginal dela. Apenas por fora não existe a possibilidade de isso acontecer.
Ainda segundo a pesquisa publicada no The BMJ, outro ponto que levanta alerta e preocupação dos especialistas diz respeito a incontinência fecal e lesões no esfíncter anal – algo que pode provocar traumas em casos de relações coagidas ou que acontecem por sentir necessidade de atender às expectativas do parceiro. Mais do que nunca, consentimento e desejo para que esse tipo de relação aconteça precisam caminhar de mãos dadas, juntamente com medidas protetivas para preservar a saúde da mulher.
Posso engravidar em qualquer momento do ciclo?
Um ponto importante que deve ser levado em consideração é que a gravidez só vai acontecer de fato quando a mulher estiver liberando óvulos. É o famoso período fértil: “É o momento do ciclo menstrual em que a mulher está fértil e com chance de engravidar se ela tiver relação dentro desse período, que é quando acontece a ovulação”, explica o Dr. Igor Padovesi.
No entanto, é sempre necessário entender que esse momento da ovulação pode acontecer em dias diferentes de cada mês. “A ovulação não acontece necessariamente e exatamente no meio do ciclo. Isso pode variar um pouco para algumas mulheres. Mesmo com as que possuem ciclos regulares, não necessariamente a ovulação acontece bem no meio do ciclo. Isso pode acontecer um pouco antes ou depois do dia estimado”, diz o especialista.
É possível engravidar fora do período fértil?
Tecnicamente sim. Isso depende de alguns fatores: o primeiro é o momento da ovulação que, como já citamos acima, pode variar de ciclo em ciclo e nem sempre acontecer exatamente nos dias estimados. O segundo fator é o tempo de sobrevivência do espermatozoide dentro do canal vaginal da mulher. “Em média, ele sobrevive por 2 a 3 dias. Alguns espermatozoides podem sobreviver viáveis e capazes de fecundar o organismo da mulher por até cinco dias”, explica o Dr. Igor Padovesi.
“Imagine que a mulher tem a ovulação um pouco mais cedo e a primeira fase do ciclo mais curta. Ela vai liberar óvulos por volta do dia 11, 12 do ciclo e teve uma relação desprotegida no sexto ou sétimo dia do ciclo, pouco tempo depois que acabou a menstruação. Se o espermatozoide durar cinco dias, ela corre risco de engravidar”, esclarece o especialista.