Casos recentes envolvendo celebridades como Mariana Rios e Maíra Cardi reacenderam a discussão sobre uma condição pouco discutida, mas que impacta profundamente a vida de muitas mulheres: a trombofilia adquirida. Essa disfunção do sistema de coagulação sanguínea pode não apenas complicar o processo de concepção, como também aumentar os riscos ao longo da gestação.
A atriz e apresentadora Mariana Rios compartilhou publicamente suas dificuldades para engravidar, mesmo após procedimentos de reprodução assistida e congelamento de embriões. A influenciadora Maíra Cardi também revelou que, após sofrer um aborto espontâneo, descobriu que sofria de trombofilia. Seu relato reforça a importância do acompanhamento médico rigoroso em casos como esse.
As histórias de ambas ajudaram a trazer visibilidade para um problema que afeta milhares de mulheres em silêncio.
O que é trombofilia adquirida?
Diferente da forma hereditária, a trombofilia adquirida se desenvolve ao longo da vida, sem relação direta com o histórico genético. Ela aumenta a tendência à formação de coágulos no sangue, o que pode afetar tanto a implantação embrionária quanto o desenvolvimento do feto.
Durante a gestação, a presença de trombofilia pode desencadear uma série de complicações, como abortos espontâneos, pré-eclâmpsia e dificuldades no crescimento do bebê dentro do útero.

“A trombofilia adquirida é uma das condições mais desafiadoras para a saúde reprodutiva feminina. Os coágulos sanguíneos podem bloquear vasos importantes no útero, prejudicando a implantação do embrião e o desenvolvimento fetal”, explica o Dr. Renato Fraietta, especialista em Reprodução Humana da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
Mulheres com histórico de perdas gestacionais recorrentes, complicações como hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, ou que já enfrentaram abortos no segundo trimestre, devem ser avaliadas para trombofilia adquirida. A detecção precoce pode ser decisiva para a condução de tratamentos mais eficazes.
Reprodução assistida como aliada
Entre as alternativas para contornar os desafios impostos pela trombofilia adquirida está a Fertilização In Vitro (FIV). Esse método permite um maior controle sobre o ambiente uterino e pode ser associado ao uso de medicamentos que favorecem a implantação e o desenvolvimento embrionário.
“A FIV oferece condições ideais para a implantação do embrião, e, com o suporte de medicamentos específicos, é possível melhorar a resposta imunológica e vascular do útero”, explica o Dr. Fraietta.
Acompanhamento multidisciplinar é essencial
Para quem enfrenta esse diagnóstico, o tratamento vai além do uso de anticoagulantes. Um time de especialistas, incluindo hematologistas, obstetras e médicos especializados em reprodução humana, deve monitorar cada fase da gestação.
“Em casos de trombofilia adquirida, é essencial que a paciente seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar. Exames frequentes de imagem e laboratoriais ajudam a prevenir complicações ao longo da gravidez”, reforça o especialista.
Diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso
O acompanhamento adequado começa com uma investigação criteriosa antes mesmo da tentativa de engravidar. A detecção da trombofilia pode evitar perdas gestacionais e permitir o planejamento de estratégias terapêuticas.
“Mulheres que já sofreram abortos de repetição ou apresentam histórico de problemas trombóticos devem ser avaliadas cuidadosamente. O diagnóstico precoce abre espaço para tratamentos eficazes, aumentando significativamente as chances de uma gravidez bem-sucedida”, afirma Dr. Renato.