A jornada da adaptação na maternidade e no trabalho Nos últimos meses, vivi um daqueles momentos de virada na vida: meu filho começou em uma nova escola e, ao mesmo tempo, eu iniciei em um novo emprego. Duas mudanças gigantescas, acontecendo lado a lado, exigindo de nós uma capacidade de adaptação que eu nunca havia experimentado antes.
Nos primeiros dias, cada manhã era uma batalha silenciosa. Eu me preocupava com o uniforme, que colocar na mochila e com o café da manhã da família toda, além de me arrumar e deixar a mesa de escritório pronta e a cabeça no lugar para assumir o novo posto de trabalho. Tudo isso, sem desgrudar os olhos dos ponteiros do relógio. Meus pensamentos vagavam entre como a adaptação do meu filho e as minhas próprias demandas. Como ele estaria se sentindo ao entrar em um ambiente desconhecido? Será que faria novos amigos? Será que se sentiria seguro. E, ao mesmo tempo, me fazia as mesmas perguntas… Percebia que no fundo eu estava vivendo algo muito parecido: a ansiedade do desconhecido, o medo de não pertencer, o cansaço emocional de processar tantas informações novas de uma só vez.
A neurociência explica que mudanças como essas ativam o nosso sistema de alerta. O cérebro, sempre buscando previsibilidade e segurança, reage liberando cortisol, o hormônio do estresse. Eu percebia isso no meu filho, quando ele chegava em casa mais agitado do que o normal, ou quando chorava sem motivo no final do dia. Eu senti isso em mim também: dificuldade de dormir, na sensação de estar constantemente alerta, tentando controlar o incontrolável.

Para controlar a ansiedade nesses momentos, aprendi a me apoiar em algumas estratégias simples, mas eficazes. Respirações profundas me ajudavam a acalmar o corpo e a mente, assim como pequenas pausas durante o dia para tomar um chá ou dar uma caminhada curta. Estabelecer rotinas previsíveis também foi essencial, tanto para mim quanto para meu filho – a sensação de ter um ponto de referência nos dava segurança. Voltei a correr todos os dias para aliviar a ansiedade e inclui a meditação nas minas manhãs. Assim consigo planejar os afazeres no silêncio enquanto vejo o sol nascer. Além disso, comecei a praticar a autocompaixão, lembrando-me de que o desconforto inicial faz parte do crescimento e que tudo bem não ter todas as respostas de imediato. O tempo, afinal, é um grande aliado.
Aos poucos, fui entendendo que a adaptação não acontece do dia para a noite. Meu filho e eu estávamos aprendendo juntos, encontrando conforto em pequenas rotinas. Um abraço mais longo na entrada da escola, uma conversa tranquila antes de dormir, um esforço consciente para enxergar os pequenos avanços – um sorriso dele ao contar sobre um novo amigo, a minha primeira conversa descontraída com um colega de trabalho. Pequenos sinais de que estávamos, sim, encontrando nosso espaço.
Outro dia, enquanto tomávamos café da manhã, ele me perguntou se eu ainda ficava ansiosa no meu trabalho. “Às vezes”, eu respondi. “Mas cada dia eu me sinto um pouquinho mais em casa.” Ele sorriu. Foi ali que entendi que estávamos crescendo juntos. A adaptação, afinal, não é sobre aprender enquanto se faz o caminho.