Essa semana eu ouvi do meu filho uma frase que nunca imaginei que ouviria do meu filho aos 3 anos de idade. “Mamãe vai embora!”. Eu estava me despedindo do Gabriel na porta da creche, e ouvir aquilo me deixou confusa. Não sabia o que sentir. Pra quem passou por uma adaptação escolar difícil, “poder ir” deveria ser somente motivo pra comemorar. Eu passei um mês e meio sentada dentro da salinha dele até poder me ausentar. Gabi demorou pra se sentir seguro dentro de um ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas. Criar vínculo com outros adultos além de mim e do Edu, para um bebê de pandemia, não deve ter sido tarefa fácil.
Nas primeira conversas com as coordenadoras da escola e com outras mães de alunos, sempre ouvi que demoraria uma semana… No máximo duas!”, era o que diziam. Imaginem a minha aflição toda vez que eu dava um passo para trás da porta e recebia um olharzinho de medo do meu filho. O choro era constante. Gabriel até engasgava de tanto soluçar. Ele ficava bem enquanto eu estava ao alcance de seus olhinhos curiosos que ansiava por explorar a salinha e os brinquedos do berçário, mas ao mesmo tempo, não conseguia sentir-se bem sem mim como referência.
A criação de vínculo é extremamente importante nesse processo da adaptação escolar. Nós estávamos vivendo um momento único pós-lockdown que acredito que nem os profissionais mais experientes sabiam como lidar. Era tudo novo pra todo mundo! Mas o mais importante foi o acolhimento que recebemos da escola. Esse novo cenário exige um olhar mais cuidados para desenvolvimento e a aprendizagem, principalmente para as crianças pequenas, e os pais também. Nesse processo, eu nunca ouvi da instituição um “pode ir pra casa” sem antes estaremos os dois, Gabriel e eu, nos sentindo seguros quanto ao desligamento momentâneo. Os pais precisam passar segurança ao filhos. Quando aqueles olhinhos curiosos por novidade miravam nos meus, eu sabia que ele buscava por aprovação, conforto e segurança. Aquele comunicação silenciosa que estabelecemos com os nossas crias só no olhar… Eu sabia que ele procurava por um “Tá tudo bem”, “Pode ir”.
A separação pode ser um processo angustiante para os dois lados, mas não podemos deixar que os nossos sentimentos de insegurança, ansiedade, e até mesmo culpa, influenciem no processo de adaptação dos pequenos. Por isso, é muito importante escolher bem a escola e conhecer a sua rotina, conhecer os profissionais que irão cuidar do seu filho. Não estou falando de pedir o currículo do profissional, mas de perceber se o professor, ou professora realmente olham e veem a criança e suas necessidades.
Acredito que essas seis semanas que passei dentro da salinha do berçário, andando pelos corredores, conversando com os funcionários e conhecendo as pessoas por trás dos títulos me deixou segura, sabendo que o Gabi estava em mãos carinhosas e eu, e ele, podíamos ficar tranquilos. Não tenha pressa em deixar seu filho nas mãos de outras pessoas. Neste caso, tempo é desenvolvimento! Confesso que fiquei um pouco triste quando ouvi: “Mamãe, essa é a minha escola, não é sua. Então você só pode entrar aqui na porta!”. Mas ouvir dele “Pode ir embora, mamãe” me fez ver como valeu a pena investir algum tempo da minha longa vida só pra ele.
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