Quando você tem gêmeos tudo vem em dobro: as fraldas, as roupas, o chororô… Mas para amamentar, o “material” continua o mesmo. A verdade é que amamentar gêmeos é muito mais uma questão de logística que de disponibilidade de leite. Isso porque o seu corpo se adapta às necessidades do bebê. Neste caso, dos bebês. Isso quer dizer que a mãe tem leite suficiente para os dois (ou três, quatro, cinco…). Outro ponto importante é a hora da mamada em si: a mãe deve dar de mamar ao mesmo tempo para os dois? Se não, como escolher qual deles vai mamar primeiro? Como garantir que os dois vão mamar todos os leites necessários?
Por todos os leites, assim no plural, explicamos: o leite materno é composto de diferentes tipos de leite e todos eles devem aparecer em uma mamada. Na primeira porção, o leite é mais aguado, serve para hidratar a criança e, claro, tem todos aqueles nutrientes necessários para o bebê de que a gente vive falando. O leite que vem depois, chamado leite posterior, é mais gorduroso e vai ter também o papel de matar a fome do bebê, de deixá-lo saciado. Para certificar-se de que o bebê está mamando tanto quanto precisa é simples: ele mesmo vai determinar o quanto deve mamar, a mãe deve sentir que o peito “esvaziou”. Então, o ideal é que cada bebê esvazie um peito.
A mãe deve tentar trocar os gêmeos de peito a cada mamada para que os bebês recebam a mesma quantidade de leite entre si e os seios fabriquem o mesmo volume de leite materno. Lembre-se de que o volume de leite funciona na lei da oferta e demanda: quanto mais a criança mama, mais o leite vem. Se os bebês trocarem de seio constantemente, a produção será a mesma e o consumo também. Por tabela, o crescimento dos gêmeos será constante e igual. Ninguém sai prejudicado.
Segundo a neonatologista Virginia Spinola Quintal, os bebês devem ser amamentados ao mesmo tempo, já que fazê-lo separadamente tomaria um tempo tão grande da mãe que ela não teria tempo para mais nada, nem para descansar, o que não é bom, já que para poder amamentar a mãe deve estar tão descansada quanto possível. Mas nos primeiros dias dos bebês em casa, o melhor mesmo é pegar um de cada vez para treinar a “pega”, o jeito como o bebê abocanha bico e aréola para sugar o leite. Uma vez que as crianças estejam craques nessa parte, é hora de juntar esse time. Aí o mais importante é encontrar uma posição satisfatória para a mãe e os gêmeos. Pode ser interessante colocar uma almofada para ajudar a mãe a sustentar o peso das crianças. Ela pode segurá-los de pé, paralelos ao seu corpo, um cada peito, ou adotar a posição padrão com a barriga do bebê encostada à sua barriga e cabeça em um dos peitos com os pés próximos ao outro. Enquanto isso, seu irmãozinho deve adotar a posição invertida, em que a mãe o segura como uma bola de futebol americano com o rosto no peito e as pernas viradas para as costas dela.
Consultoria: Carlos Eduardo (Cacá) Correa, filho Sylma e Victor, pediatra neonatologista, tel.: (11) 3672-6561 Virginia Spinola Quintal, mãe de Lais e Fernando, neonatologista e coordenadora do Banco de Leite do Hospital UnIVERsitário da USP e Presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, tel.: (11) 3091-9210